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EM BREVE UMA PROGRAMAÇÃO QUE TOCARÁ NO FUNDO DO SEU CORAÇÃO

Posted by Nilton Professor Ribeiro on Quarta, 17 de junho de 2015

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

HOMENAGEM A ZEFA

Artesã de Araçuai vai receber homenagem da UFMG

Artesã de Araçuai vai receber homenagem da UFMG

Foto: divulgação Artesã de Araçuai vai receber homenagem da UFMG
Zefa tem esculturas nas mãos de colecionadores de vários países
O  Programa Saberes Plurais em Conexão, desenvolvido pela Pró-Reitoria de Extensão da UFMG por meio do Polo de Integração, apresenta no dia 30 de janeiro um dos resultados do eixo de trabalho Cartografias Culturais Transmidiáticas.

Trata-se da apresentação e lançamento de alguns dos produtos que irão compor o Museu Virtual dos Saberes e Memórias dos Mestres de Ofício do Vale do Jequitinhonha, como um DVD e uma publicação sobre a mestre de ofício Josefa Alves dos Reis, a Zefa.

Artesã de Araçuai vai receber homenagem da UFMG


O Saberes Plurais em Conexão é desenvolvido por  Maria Aparecida Moura, coordenadora, Maria das Dores Pimentel Nogueira, vice-coordenadora do Programa e pró-reitora Adjunta de Extensão, e Terezinha Maria Furiati, gestora, todas da UFMG.

O Museu Virtual, a ser gradativamente implantado, objetiva localizar e registrar as histórias e os ofícios dos grandes mestres artesãos do Vale do Jequitinhonha.


Mestre homenageada

- A mestre artesã Zefa nasceu em Poço Verde, Sergipe, em 1925, e migrou para Araçuaí, Minas Gerais, em 1962.

Começou fazendo esculturas em barro, peças rústicas e originais. Após três anos muito criativos, Zefa largou o barro e passou a trabalhar a madeira disponível na região, esculpindo com traços firmes e originais suas obras.

Zefa é ainda contadora de caso e benzedeira. Possui peças nas mãos de colecionadores em vários países.

Últimamente tem reduzido seu trabalho em decorrência da idade e problemas de saúde.

FONTE : GAZETA DE ARAÇUAÍ MG

sábado, 12 de janeiro de 2013

SER TEÓLOGO

A teologia foi uma luz que entrou na minha vida. Antes de começar, lembro-me que disse para uma pessoa do meu desejo e ela me falou: “cuidado para não perder a fé”. Porém, mesmo assim decidir fazer tentando seguir o conselho de São Tomas de Aquino que diz: “teologia se estuda de joelhos”.
Se pensarmos ao pé da letra, teologia é estudo de Deus, porém, como ninguém pode e nem é digno de estudar o próprio Deus, então é o estudo das coisas que levam ao conhecimento de Deus.
Porém, é importante entender que a teologia deve ser estudada por quem já teve uma experiência pessoal com Deus e que agora busca um conhecimento melhor. Não é para todos... Deus não precisa que todos se tornem teólogos...
Na minha vida em especial, a teologia foi uma forma eficaz para reconhecer minha miserável condição diante de tamanha grandeza e insondável riqueza de Deus e da Igreja.
De alguma forma, ser teólogo tornou-me alguém melhor, mais voltado para coisas que não passam e me ajudou a ser um contador e um professor melhor.
O que mais me fascina em Cristo é sua gratuidade no amar e sua forma de ensinar e trabalhar o coração de seus amigos. Temos a tendência de escolher as melhores e as mais úteis pessoas para estarem perto de nós, enquanto Jesus não escolheu assim.
Às vezes fico pensando em quem eu escolheria para completar os doze apóstolos e a pequena comunidade messiânica. Acho que não saberia escolher e, provavelmente, o cristianismo não teria atravessado os séculos.
Jesus conseguia trabalhar o coração das pessoas e torná-las melhores. Quem diria que um homem rude e sem instrução poderia governar tão grande instituição? Quem poderia imaginar que o “filho do trovão” poderia escrever o evangelho do amor?
A teologia me ajudou a enxergar tudo isso e mostrou-me como tentar ser alguém que faça a diferença para a humanidade através de pequenos atos de amor e de sabedoria. Por isso, levo tão a sério a teologia...

MENSAGEM PROFESSOR NILTON

Nunca pare de sonhar Richard Bach Havia no alto de uma montanha três árvores. Elas sonhavam com o que iriam ser depois de grandes. A primeira, olhando as estrelas disse: eu quero ser o baú mais precioso do mundo e viver cheia de tesouros. A segunda, olhando um riacho suspirou: eu quero ser um navio bem grande para transportar reis e rainhas. A terceira olhou para o vale e disse: quero crescer e ficar aqui no alto da montanha; quero crescer tanto que as pessoas ao olharem para mim, levantem os olhos e pensem em Deus. Muitos anos se passaram, as árvores cresceram. Surgiram três lenhadores que, sem saber do sonho das árvores, cortaram as três. A primeira árvore acabou se transformando num cocho de animais, coberto de feno. A segunda virou um barco de pesca transportando pessoas e peixes todos os dias. A terceira foi cortada em vigas e deixada num depósito. Desiludidas as três árvores lamentaram os seus destinos. Mas, numa certa noite, com o céu cheio de estrelas, uma jovem mulher colocou o seu bebê recém-nascido naquele cocho. De repente, a árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo. A segunda, certo dia, transportou um homem que acabou por dormir no barco. E, quando uma tempestade quase afundou o barco, o homem levantou-se e disse PAZ!! E, imediatamente, as águas se acalmaram. E a árvore transformada em barco entendeu que transportava o rei dos céus e da terra. Tempos mais tarde, numa Sexta-feira, a árvore espantou-se quando as vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela. A árvore sentiu-se horrível vendo o sofrimento daquele homem. Mas logo entendeu que aquele homem salvou a humanidade e as pessoas logo se lembrariam de Deus ao olharem para a cruz. O exemplo das árvores é um sinal de que é preciso sonhar e ter fé. SEMPRE !!! Não importa o tamanho dos sonhos que você tenha, sonhe muito e sempre. Mesmo que seus sonhos não se realizem exatamente como você desejou, saiba que eles se concretizarão da maneira que Deus entendeu ser a melhor para você. "Uma nuvem não sabe por que se move em tal direção e em tal velocidade. Sente apenas um impulso que a conduz para esta ou aquela direção. Mas o céu sabe os motivos e os desenhos por trás de todas as nuvens, e você também saberá, quando se erguer o suficiente para ver além dos horizontes."

RELAÇÃO NOMES DOS PREFEITOS DE ARAÇUAÍ MG

Relação dos Prefeitos
Eleições diretas no Brasil em 1920

1º Dr. Franklin Fulgêncio Alves Pereira (Dentista) 1930 a 1945

2º Dr. Odin Indiano do Brasil Americano – Juiz de Direito
3° Sr. Raul de Matos Paixão (comerciante) poucos meses
4° Dr. Mário Freitas da Silva (Advogado) até dezembro de 1946
5° Cantidio Amaral (comerciante) Vice- prefeito: Monsenhor Clóvis Vieira da Fonseca
6° José Zaiter Tanure (comerciante) 1951 a 1954 Vice- prefeito: Dr. Narciso Colares (Farmacêutico)
7º Dr. Geraldo da Cunha Melo (Advogado) Vice- prefeito: Nuno Austragesilo Fernandes Murta (Fazendeiro)
8° Dr. Mucio Sévola Gonzaga Jayme (Médico) Vice- prefeito: Dr. Tulo Hostilio Gonzaga Jayme (Advogado)
9° Dr. Geraldo da Cunha Melo (Advogado) 1963 a 1966 Vice- prefeito: Bitenil Martins da Silva (comerciante)
10° João Rodrigues de Oliveira (comerciante) Vice- prefeito: Hamilton Fernandes Murta (Fazendeiro)
11° Hamilton Fernandes Murta (Fazendeiro) 1970 a 1973 Vice- prefeito: Ariene Chaves de Souza (Fazendeiro)
12° Nazir Tanure (comerciante) 1973 a 1976 Vice –prefeito: Hider Jardim Tanure (Fazendeiro)
13° João Rodrigues de Oliveira- 1977 a 1982 Vice- prefeito: Mario Timo do Amaral
14° Dr. Arthur Berganholi (Médico)- 1983 a 1988 Vice- prefeito: Pedro da Costa Almeida (Fazendeiro)
15° José Cordeiro Barroso (comerciante) 1989 a 1992 Vice- prefeito: Dr. Aécio Silva Jardim (Médico)
16° Manoel Messias Marques Dias (Médico) 1993 a 1996 Vice- prefeito: Leonardo Santos Oliveira
17° Maria do Carmo Ferreira da Silva (Assistente Social) (1997 a 2000) Vice- prefeito: José Antônio Martins (Comerciante)
18° Maria do Carmo Ferreira da Silva 2001 a 2004 Vice- prefeito: José Antônio Martins
19° José Antônio Martins (Comerciante)2004 a 2008 Vice- prefeito: Armando Paixão (Médico)
20° Aécio Silva Jardim (Médico) 2009 a 2012 Vice- prefeito: Leonardo Santos Oliveira
21° Aécio Silva Jardim (Médico) 2009 a 2012 Vice- prefeito: Leonardo Santos Oliveira
22° Dr Armando Paixão 2013 a 2016 Vice - Prefeito: Dr Rita
 

HINO DE ARAÇUAÍ MG

Hino de Araçuaí
Entre estrelas mil
A lua faz lindo cenário
Para o amor
E o sol passeia alegre

Nos verdes campos sempre em flor os piqueniques, as serenatas as festas tradicionais
As noites juninas enfeitadas
Fogueiras, fogos e balões
A banda entusiasmada pelas ruas tocando lindos dobrados, mil canções.

Ai minha Araçuaí
Outro lugar tão lindo assim eu nunca vi
Ai minha Araçuaí
Onde quer que eu esteja eu penso em ti

Tens o que há de bom
Em religião, saúde, esporte e educação
Campeã em pecuária
Ouro, diamante em profusão

Por estas coisas e tantas outras
Meus parabéns Araçuaí
Ao ensejo do teu centenário
Minha mensagem vai aqui

A passos largos para frente
Tens um povo valente
Terra querida onde eu nasci.

HISTÓRICO DE ARAÇUAÍ MG

Fundação: 21 de setembro de 1871 (141 anos)

As terras do atual município de Araçuaí, durante o século XVIII, estiveram ligadas à antiga Comarca do Serro Frio e depois ao município de Minas Novas.

Já no século XIX, o padre Carlos Pereira de Moura havia fundado na confluência dos rios Araçuaí e Jequitinhonha a Aldeia do Pontal - local aprazível onde aportavam as canoas que permutavam mercadorias vindas da Bahia, como as daquela região de Minas. Onde há canoeiras, há mulheres, bebidas alcóolicas e muita farra. Isso o Padre Carlos não aceitava em sua aldeia, muito menos na futura cidade que planejava fundar, o que fez, então? Expulsou dali todas as meretrizes que, desorientadas emigraram rio Araçuaí acima, achando abrigo na Fazenda Boa Vista, de Luciana Teixeira. Essa boa senhora cedeu suas terras, à margem direita do Ribeirão Calhau e do rio Araçuaí, às emigrantes que se alojaram.
Atraídos pelas mulheres, os canoeiros mudaram de porto e, no local desenvolveu-se um arraial, com o nome de Calhau, que deu origem à atual cidade de Araçuaí entre os anos de 1830 e 1840.
A história de Araçuaí teve início em 1817, quando Luciana Teixeira decidiu iniciar um loteamento às margens do Rio Araçuaí, o arraial chamou-se "Calhau" devido a grande quantidade de pedras redondas existentes.
Com o tempo o local foi ganhando importância. Foi elevado a categoria de sede de Distrito pela Lei Provincial de 13 de julho de 1857. A instalação sob a denominação de Vila de Arassuay deu-se em 1º de julho de 1871, para finalmente a 21 de setembro de 1871 ser elevada a categoria de cidade, por força da lei nº 1870, com o nome de Araçuaí. Tal nome é de origem indígena, e quer dizer Rio das Araras Grandes.
De lá para cá, a cidade cresceu nas margens aprazíveis do Rio Araçuaí, principal afluente do Rio Jequitinhonha. Com a abertura da estrada de rodagem o movimento de ônibus e caminhões substituiu anavegação do rio, dos canoeiros só sobrou a lembrança pela característica estátua na praça da Matriz.

Até 1891 Araçuaí era a capital de todo o Nordeste de Minas. Ocupava o quarto lugar numa estatística do número de comerciantes nos municípios mineiros. Pelo município passava a estrada de ferro Bahia & Minas (hoje desativada) que na estação ferroviária de Araçuaí chegou em 1942.

A inexistência de uma infra-estrutura adequada que proporcione insumos e absorva a produção, desequilibra a economia agrícola municipal determinando um estado geral de miséria entre a população rural, fazendo com que a região tenha importar alimentos, forçando o êxodo. Sempre ligados aos problemas da agropecuária, os fatores infra-estruturais do município de Araçuaí, principalmente o sistema rodoviário, são praticamente intransponíveis para o desenvolvimento.

As atividades econômicas do município são a agrícola, a pecuária, o comércio, o artesanato, as pequenas indústrias de calçados e laticínio. A principal fonte de riqueza é a pecuária, que detêm índices invejáveis de produtividade. O subsolo é rico em minérios e pedras preciosas.

Durante muitos anos foi considerável o movimento comercial do município de Araçuaí. Hoje já não é tão grande. A cidade de Araçuaí era um grande entreposto de comércio. Recebia mercadorias de Peçanha, Minas Novas, Serro, Ferros, Salinas e todo o Norte de Minas. Os armazéns abarrotados de sal e outros produtos de beira-mar esperavam as tropas para trocar por produtos de lavoura.

Esse movimento comercial tocou o seu auge de 1880 a 1885. A partir desta data as tropas mudaram de rumo: já não era para o norte, mas para o sul que elas se dirigiam, procurando mercados mais próximos e mais acessíveis para seus produtos. O comércio de Araçuaí foi decaindo e com ele a navegação do Jequitinhonha. A importação de mercadorias se deslocou da Bahia para o Rio de Janeiro;a estrada de ferro mudou da Bahia para o Rio de Janeiro; a estrada de ferro Bahia a Minas transporta-os até Téofilo-Otoni, onde as tropas vão recebê-las.

Uma estrada de rodagem aberta pelo meio da mata entre S. Miguel do Jequitinhonha e Teófilo Otoni pôs em comunicação direta esta estação com distritos mais férteis e opulentos do Município. A cidade de Araçuaí e os distritos adjacentes entre si e cambiando entre si seus produtos.

Apesar de sua decadência, o comércio de Araçuaí ainda é considerável. O mercado da cidade é uma praça de grande movimento, em feiras semanais, onde os lavradores vão vender os seus gêneros e comprar aquilo de que carecem. Praticamente todo o comércio mudou-se para a redondeza do mercado. Mas a cidade já não tem os grandes armazéns por onde rolou fortunas de príncipe.

Objeto de considerável comércio são também as pedras coradas, cuja extração se começou a fazer em 1901, na Fazenda da Barra do Piauí e que hoje tem movimento no comércio de Araçuaí. Não se conhece no município nenhum aventureiro que tenha aplicado seus capitais em empresas de indústrias. A única indústria extrativa de minério no município é a CBL (Companhia Brasileira de Litio).

Ultimamente a cidade está se modernizando, apesar da fama que carrega de "cidade do já teve". A eterna política mata sempre toda iniciativa. O que uns começam, outros destroem. Na verdade o que mudou nesses últimos 30 anos foi por conta e obra dos moradores que melhoraram suas propriedades sem que o poder público tivesse interferido no desenvolvimento da cidade.

É de se destacar o trabalho silencioso e constante da diocese de Araçuaí, tendo a frente o bispo Dom Severino Clasen e o bispo emérito Dom Enzo Rinaldine, que nunca mediu esforços em favor dos desfavorecidos e dos jovens desta cidade. Mantém, a duras penas uma escola técnica como poucas no Brasil sem a menor ajuda do poder público. Além, evidentemente, de outras obras que a sua profunda modestia não deixaria citar aqui.

As irmãs franciscanas constituem também outro elo no desenvolvimento de Araçuaí. Quando aqui criaram o colégio Nazareth e, 1926, não mediram esforços para mantê-lo até hoje. Nele estudaram personalidades desta minas Gerais.
Geografia



História Completa

Os primeiros habitantes do Vale do Araçuaí foram os selvagens da raça Tapuia, divididos em
nações e tribos diversas, bravios como os Aimorés, mas acessíveis a civilização. Eram
geralmente de estatura media, um pouco propensos a obesidade, morenos, de cor bronzeada;
raspavam as sobrancelhas e os cabelos ao redor da cabeça, deixando apenas no alto uma
espécie de penacho; tatuavam todo o corpo de preto e vermelho, e traziam pedaços de pau
metidos em um furo no lábio inferior e nas orelhas; mas tinham um parecer que denunciavam,
brandura, tristeza e indolência. Amavam a dança e o canto.

A raça Tapuia foi cedendo pouco a pouco ao invasor audaz e senhor de melhores recursos.
Vieram os portugueses, os mestiços paulistas e os mestiços da costa da Bahia. Desarmados
dos recursos da civilização, os Botocudos não podiam lutar em concorrência com o invasor,
forte e cônscio de seu valor.

No correr de meio século estava já relativamente habitada a região, onde se ergueu, dentre
outras, a aldeia de Calhau, formada quase ao acaso, por conveniência dos habitantes. Sem
que os governos tivessem a mínima interferência no desenvolvimento daquela zona, a não ser
a manutenção, sem vencimentos, de um encarregado de velar pela civilização dos índios;
cargo que era cobiçado, porque dava o titulo de tenente-coronel, sem obrigações nenhumas. O
ultimo dos comandantes dos índios foi Belisário da Cunha Melo, proprietário da Fazenda do
Mateus. Homem essencialmente bom, acolhia os selvagens de dois em dois meses,
alimentava-os, obsequiava-os à sua custa, divertia-se com eles a vê-los atirar ao arco e a
contar as coisas estranhas que diziam.

Os coronéis foram os primeiros administradores do município. Entre vários deles, devem ser
lembrados o coronel Carlos da Cunha Peixoto, primeiro presidente da câmara, cidadão de
grande prestigio; tenente-coronel Belisário da Cunha Melo, homem popular e político
moderado; Coronel Manuel Pereira Paulino, o político de influencia e delegado de policio por
muitos anos na cidade. Outros principais beneméritos do município foram: Manoel Cezário de
Figueiredo Murta, delegado de policia; Capitão Camilo Ramalho Pinto, promotor da criação do
município; Padre Agostinho Francisco Paraíso, deputado provincial; Dr. Inácio Antônio
Fernandes, juiz de direito e político; Clemente Rodrigues Chaves, mantenedor da ordem do
Distrito de Itinga, Clarindo Gomes da Silva, ocupou cargos públicos; Dr. Nuno Teixeira Lages,
medico notável e deputado provincial; Gentil José de Castro; Comendador Inácio Carlos
Moreira Murta, agente administrativo de Araçuaí; Comendador Cândido Freire de Figueiredo
Murta, deputado geral; Coronel Manuel Fulgêncio Alves Pereira e tantos outros que pertencem
de direito à historia de Araçuaí.

A historia da cidade tem muito a ver com os canoeiros. Durante muitos anos o mundo chegou
ao Vale do Jequitinhonha pelas mãos do barqueiro. O único caminho era o rio, o resto era
sertão bravo. Não havia descanso, dia e noite eles subiam e desciam e subiam o rio traiçoeiro
transportando homens e cargas. Junto com os tropeiros, os canoeiros eram uma nação de
gente de muito contar ao longo de todo o Jequitinhonha.

CAUSOS E DIZERES DO POVO DO VALE

Você diz que não me quer
diga sua razão porque.
Você me chamou de pobre
que riqueza tem você?
(Rufina Teixeira Ramalho – Araçuaí, 1975)

Lá vem a lua saindo
por detrás do gravatá.
A mulher deu no marido
com uma tora do jabá.
(Josefa Alves dos Reis – Araçuaí, 1977)


Em cima daquela serra
tem um pé de maxixeiro.
Quem quiser brincar com as meninas
põe as velhas no chiqueiro.
(Povo do lugar – Araçuaí, 1980)
Também a sogra mais o sogro não escaparam da atenção. Já desde o tempo de namoro os pais dos
noivos são lembrados.

Minha mãe me pôs na escola
pra aprender o beabá.
Minha mestra me ensinou
namorar e não casar.
(Graça Gonçalves – Araçuaí, 1978)

Minha mãe me deu uma pisa
me passou um repelão
modo uma carta que eu tinha
debaixo de meu colchão.
(Filomena Maria de Jesus – Araçuaí, 1973)

Minha mãe quando me dava
me dava com cobertor.
Deu um vento na roseira
me cobriu toda de flor
(Filomena Maria de Jesus – Araçuaí, 1975)

Minha mãe, minha mãezinha,
que forte mãe tenho eu.
Ela brincou no seu tempo
não quer que eu brinco no meu.
(Filomena Maria de Jesus – Araçuaí, 1973)

Minha mãe me chamou feia
ela só quer ser formosa.
Minha mãe é uma roseira
Eu vou ser botão de rosa.
(Lina Pereira – Araçuaí, 1975)

Minha mãe me deu uma surra
com um cipó de feijão.
Depois veio me adular
venha cá meu coração.
(Ana Ferreira Mendes – Araçuaí, 1978)

Minha mãe me xingou feio
eu não era feio assim.
Foi um feio muito feio
Que pegou feiura em mim.
(Povo do Lugar – Araçuaí, 1976)

Minha mãe me deu uma surra
com a pena de ariri.
Eu chorei a noite inteira
não deixei mamãe dormir.
(Graça Gonçalves – Araçuaí, 1978)

Minha mãe, minha mãezinha,
minha mãe que Deus me deu
eu imagino é só casar
minha mãe ficar sem eu.
(Maria da Conceição G. J. – Araçuaí, 1977)

Minha mãe me casa logo
enquanto sou uma rapariga (Português!)
O milho plantado cedo
dá folha, não dá espiga.
(Filomena Maria de Jesus – Araçuaí, 1973)

Minha mãe diz que sou dela
isto lá que eu não sei.
O mundo dá tantas voltas
e não sei de quem serei.
(Luiza Teixeira Ramalho – Araçuaí, 1979)

Minha mãe me casa cedo
que eu não quero envelhecer.
Eu não sou soca de cana
que corta e torna nascer.
(Graça Gonçalves – Araçuaí, 1978)

Minha mãe você me casa
pois eu quero dormir junto.
Eu sou muito mofina
tenho medo de defunto.
(Maria Lira Marques – Araçuaí, 1973)

Minha mãe me perguntou:
como é que rapaz namora?
Ponho o lenço na (al-)gibeira
e deixo as pontinhas de fora.
(Graça Gonçalves – Araçuaí, 1977)

Minha mãe eu vou casar.
Minha filha, com quem?
vou casar com um vaqueirinho.
Minha filha, casou bem.
(Graça Gonçalves – Araçuaí, 1978)

Eu sai de lá de casa
minha mãe me encomendou
não cantasse de porfia
nem enjeitasse cantador.
(Maria Francisca da Silva – Turmalina, 1982)

Menina de olhos verdes
de camisa de "morim",
Deus que pague sua mãe
que criou você pra mim.
(Malvínia – Araçuaí, 1976)

Eu sai de lá de casa
minha mãe me encomendou
meu filho "ocê não apanha
que seu pai nunca apanhou.
(José Alves Pinheiro – Araçuaí, 1977)

Sereno da madrugada
cai na flor da melancia.
Estou conversando com a mãe
e o sentido está na filha.
(Maria Otoni – Araçuaí, 1974)

Minha mãe tem sua cama
eu tenho meu cortinado.
Minha mãe tem seu marido
e eu tenho meu namorado.
(Maria Lira Marques – Araçuaí, 1975)

Se eu fosse um passarinho
pra cantar no seu telhado,
chamava sua mãe de sogra,
seu irmão de meu cunhado.
(Povo do Lugar – Araçuaí, 1980)

Minha mãe é uma coruja
o meu pai um caburé
Minha mãe morreu de fome
meu pai de tanto comer.
(Filomena Maria de Jesus – Araçuaí, 1973)

Esta casa não tem nome,
mas agora eu vou pôr.
É a casa da minha sogra
onde mora meu amor.
(Clemência Santos Fernandes – Araçuaí, 1977)

Eu queria ter minha mãe
nem que fosse de cansanção.
Ainda mesmo que me queimasse
minha mãezinha do coração.
(Aminta Rocha Gusmão – Araçuaí, 1976)

Menina, seu pai é um cravo,
sua mãe Salve-Rainha.
Eu sou a vida doçura
você é a esperança minha.
(Povo do Lugar – Araçuaí, 1978)

As meninas de hoje em dia
só se fala em casar.
Põe a panela no fogo
minha mãe vem temperar.
(Filomena Maria de Jesus – Araçuaí, 1973)

Mas pensemos agora um pouco no pai. Ele aparece em versos parecidos e outros totalmente novos.

Os rapazes de hoje em dia
já conversa em casar.
Põe a foice na carcunda
papaizinho, não sei roçar.
(Valtemir – Araçuaí, 1976)

Lá na casa do meu sogro
não precisa mais chover.
Só os olhos do meu bem
faz o mato enverdecer.
(Graça Gonçalves – Araçuaí, 1978)

Papai, eu quero me casar
com um vaqueirinho.
O gibão está rasgado
mas ele tem um garrotinho.
(Janair da Costa Novais – Araçuaí, 1978)

Na fazenda do meu pai
não precisa mais chover.
Só os olhos daquele ingrato
faz as matas enverdecer.
(Josefa Maria Franco – Araçuaí, 1976)

Papai me deu uma surra
Sexta-feira da Paixão.
A surra que ele me deu
foi café com requeijão.
(Valtemir – Araçuaí, 1976)

Na porta da minha casa
tem um banquinho danado.
De dia senta meu pai
de noite meu namorado.
(Terezinha Gonçalves – Araçuaí, 1978)

Papai tem sua cama
e eu tenho meu colchãozinho.
Papai tem sua esposa
e eu tenho meu amorzinho.
(Povo do Lugar – Araçuaí, 1973)

Menina de olho preto
sobrancelha de veludo,
se seu pai não tem dinheiro
seu semblante vale tudo.
(Povo do Lugar – Araçuaí, 1976)

Menina me dá um beijo
ou na porta ou na janela
aonde teu pai não vê
o rastinho de tua chinela.
(Filomena Maria de Jesus – Araçuaí, 1973)

Desde o dia que eu te vi
na rua do cai e cai
Te achei engraçadinho
pra ser genro do meu pai.
(Clemência Santos Fernandes – Araçuaí, 1975)

Menino de calça escura
camisa de "amurim"
Eu agradeço o teu pai
que criou você pra mim.
(Povo do Lugar – Araçuaí, 1975)


Sacudi o pé de lima
pra cair os "oruvai" (orvalhos).
Que menina bonitinha
vai ser nora de papai.
(Povo do Lugar – Araçuaí, 1977)

Lá em casa foi um moço
prá casar não casou
Lá na mesa está escrito:
pranchão ele já tomou.
(Povo do Lugar – Araçuaí, 1977)


A folha da bananeira
pinga ouro e pinga prata.
Na família de meu sogro
tem um roxo que me mata.
(Roque Alves do Santos – Araçuaí, 1977)

Menina diga a seu pai
que dele eu não tenho medo.
Mandei fazer um anel
somente para seu dedo.
(Luiza Teixeira Ramalho – Araçuaí, 1975)
Mas vamos ao nosso caso: a sogra na algibeira... será o quê que houve na vida de genros e noras,
para existirem versos como estes?

Minha sogra é bonitinha
bonitinha ela é
parecendo um sapo inchado
na boca de um jacaré.
(Leonida – Araçuaí, 1974)

Minha sogra me xingou
a cunhada xingou também.
Não me importo com isso
que o seu filho me quer bem.
(Maria Alves da Silva – Itaobim, 1978)

Minha sogra é muito boa
pra fazer judiação.
Judia com meu benzinho.
pra me dar tanta aflição.
(Ana Ferreira Mendes – Araçuaí, 1978)


Minha sogra me xingou
caco de torrar miséria
Eu não gosto da minha sogra
mas só gosto da filha dela.
(Crianças – Araçuaí, 1977)

Minha sogra me pediu
quatro ovos de gambá.
Eu mandei dizer a ela
Nunca vi gambá botar.
(Crianças – Araçuaí, 1974)

Minha mãe, quando eu casei
ela me deu três ovelhas.
Uma cega, outra magra
outra troncha da orelha.
(Generosa – Araçuaí, 1977)
Felizmente existem junto ao xingatório outros versos mais amorosos.

Travessei o rio a nado
na raiz da gameleira
com meu amor nos braços
minha sogra na (al-)gibeira.
(Josefa Maria França – Araçuaí, 1978)

Borboleta pintadinha
pinta-aqui, pinta acolá
Pinta a casa da minha sogra
que "tá de banda de lá
(Clarice – Araçuaí, 1978)

O cabelo do meu sogro
não precisa pentear.
Passa o pente prá-lá, prá-cá
pra os cachinhos balancear.
(Janice Mendes – Araçuaí, 1978)
Por fim vão aqui dois versos e alguns textos de pára-choques de caminhão.

A todas as sogras digo sinceramente que escrevi este artigo apenas para registrar o folclore a seu respeito. Não tive nenhuma intenção, nem motivo, para irá-las. Afinal sou frade, não tenho sogra!

Quem tiver raiva de mim
eu não sei por que razão.
Se for falta de carinho
dou procê meu coração.
(Filomena Maria de Jesus – Araçuaí, 1971)

Vamos dar a despedida
como deu a saracura.
Bateu asa e foi dizendo:
Paixão de amor não tem cura.
(Filomena Maria de Jesus – Araçuaí, 1976)
Textos de pára-choques de caminhão:

*Deus bebeu, quando esta sogra me deu.
Feliz foi Adão,
Que não teve sogra nem caminhão.
*Não mando minha sogra para o inferno,
Porque tenho dó do capeta.
*Para mim sogra não é parente, é castigo.
*Casei-me com a cunhada
Para economizar a sogra.
*O que mata de repente
É vento pelas costas e sogra pela frente.
(Van der Poel, frei Francisco.
Em Boletim da Comissão Mineira de Folclore,
Belo Horizonte, ano 7, nº 10, agosto de 1986, p.14)

A CRIAÇÃO DO MUNDO SEGUNDO DONA ZEFA ARTESÃ

Dona Zefa, a criação do mundo através de imagens: do verbo faz-se a carne | de Zeca Ligiéro

“Nas história antiga, que eu conheci, dos meus bisavós… e os antigos, né?! Porque de livro não me interessa. Pelo menos, eu sei, eu vou contar as histórias do que se contava no passado.”

O presente artigo investiga as narrativas da artista, contadora de caso e benzedeira dona Zefa, moradora de Araçuaí, Vale do Jequitinhonha. Muitas de suas histórias são baseadas na Bíblia, mas passam por um processo de reinvenção, onde a narradora acrescenta elementos não originários das escrituras sagradas. As forças da natureza aparecem eloquentemente, tanto em seu trabalho escultórico como em sua narrativa, o que nos convence de que suas histórias se referem diretamente ao universo afro-ameríndio. Exclusivamente, por meio da sua performance, a narradora não só encarna a história como reinventa seus significados originais, dando-lhes novos contornos e novos contextos. Seu texto existe apenas como parte da sua performance oral, portanto ele só existe enquanto toma forma na voz e no corpo da performer, que literalmente o corporifica pela comunicação com o ouvinte/espectador. O artigo, portanto examinará a narrativa não apenas como texto literário, mas como elemento propriciador da performance oral, onde a história narrada não só exemplifica a relação do sujeito com o tema, mas o posiciona como criador de imagens vivas. Zefa reúne em seu ofício as diversas atividades ocupadas tradicionalmente pela pessoa de teatro: o dramaturgo ou adaptador do texto, o diretor de cena, o ator e espectador privilegiado da própria história já que ela faz pequenos comentários que poderíamos classificar como próximos à proposta do teatro Épico de Bertolt Brecht, coisa que, naturalmente, nunca ouviu falar. Seu cenário de fundo é composto de duas cortinas com estamparia floral que dão acesso a outros cômodos da casa e duas paredes totalmente revestidas com uma coleção de fotos de família, de colecionadores de seus trabalhos e amigos intercalados com toda a sorte de imagens de santos, cartões postais, recortes de jornal etc. Isto é sua sala de visita e oficina repletas de suas esculturas recém-terminadas ou ainda em processo, feitas em troncos de madeiras. A maioria delas é feita na forma de colunas com caras duras, anjos retorcidos junto, peregrinos e beatos das memórias longínquas das mesmas terras onde pisaram Antonio Conselheiro e Lampião e de onde ela tem as suas raízes familiares e onde viveu a sua juventude.

Mas, ao contrário do griôs conhecidos, Zefa não interpreta os personagens de suas histórias, ela os apresenta. Ela reproduz seus diálogos curtos com uma comedida pontuação, uma prosódia peculiar, emprestando-lhes sempre um tom coloquial como o da conversa de vizinhos na varanda de suas casas nas noites de lua cheia, assim ela trata os seus espectadores, não importa se autoridade ou criança que se chega. Seu teatro aproxima-se do universo da performance, pois ela conta com a imaginação do espectador para completar a história, embora o sentido da mesma ela não deixe escapar. Em nenhum momento cria a mimesis ou a linguagem corporal do personagem, não há em nenhum momento preocupação em recriar alguma atmosfera “teatral”, imitando trejeitos ou forma de falar de algum personagem. Os fatos são mais importantes que as reações físicas dos personagens, o que eles fazem e falam é mais importante do que eles sentem. Ela talha a sua narrativa num tom firme e extremamente convincente. São histórias do sertão, das terras secas e quentes do norte da Bahia, de Sergipe e Alagoas onde perambulou quando jovem, e as terras misteriosas das Gerais, os serros frios e desertos, serpenteados pelo rio Jequitinhonha.

Além de contadora de histórias, dona Zefa é uma ativa escultora em madeira, profissão que abraçou depois de fugir da seca do nordeste, onde trabalhou como feirante, vendedora ambulante, construtora de malas e carpinteira de camas “feitas a prego” para finalmente fixar residência no Vale do Jequitinhonha, uma região repleta de histórias e lendas. Ali também encontrou seu oficio mais nobre: a arte – ceramista por três anos, quando adoece e descobre a escultura em madeira que a projetou nacionalmente. Zefa Alves dos Reis é originária da região fronteiriça entre os estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. Quando seu irmão mais velho, em 1958, foi construir Brasília em busca de uma situação melhor para família, viu-se em completa miséria, pois o irmão nunca mais deu notícias e nem retornou ao lar, ela então, como milhares de nordestinos, migrou para o sul ao lado da cunhada, que também não tinha uma profissão definida, em busca de uma vida melhor. O mundo encantado das lendas que ouviu, a Bíblia aprendida dentro de uma tradição oral e a própria história de vida se mesclam em seu trabalho escultórico bem como em suas narrativas épicas. Ela é contadora de caso desde criança como ela própria aponta em uma de suas histórias:

    Foi lá na Serra dos Aimorés, (…) também tinha essa família que era de imigrante que veio de Portugal, aí os pais moraram lá numa sede muito boa, eram muito ricos, aí eles morrero e deixou duas filha. Duas foi vizinha nossa, uma morava, a casa dela ficava na frente da casa que nós morava e a outra morava mais longe, não sei cumé o nome dela, sei que eu fiquei na casa dela muitos dias com ela, porque naquela época não havia televisão e eu contava muita história de folclore né, porque na fazenda de meu avô, naquele tempo todo mundo sabia história, mas quem tinha memória boa pra guardá história, pai dizia assim “Zefa vai divertir o povo” contando história né, aquele multidão de gente sentava na calçada e eu sentava o pau pra contá história, e Preta, essa menina de Portugal, chamavam ela Preta. Mas era branca de olho azul, a peça mais bonita, parecia uma grande modelo né, era bonita demais. Ela casou com um tenente, o tenente era mineiro, mas naquele tempo que a tuberculose era igual a AIDS agora, que não encontra remédio, então a tuberculose tava matando gente demais, então o moço um dia começou a sentir uma dor, assim que ele casou, ele começou a sentir uma dor, por dentro nos intestino. Aí ela levou ele pra Belo Horizonte, aí ele passou no raio X, quando passou no raio X aí era tuberculose, tinha começado a mancha da tuberculose. Interessante, que o homem tava quase de lua de mel né, aí o médico disse assim “Aparta a dormida com sua esposa porque você ta contaminado, tuberculoso”, aí ela disse que veio, esse homem veio desesperado, aí passou remédio, aí retorna lá de novo em Belo Horizonte, aí ele foi e chegou, passou um dia, no outro dia, que ele disse assim “Ô Preta vai pegar uma água pra mim”, aí ela foi. Quando ela foi pegar a água, a casa era muito grande, quando ela foi pegar a água lá na cozinha, ele detonou o revólver perto do ouvido e morreu, aí ele morreu e ela ficou desesperada também, bom, quando nós chegamo lá tinha quinze dia que o marido dela tinha se matado e ela tava impressionada né. Aí de parente dela…. tinha uns amigo né, que os pai deixou, os parente são os amigo como eu tenho aqui né, é os amigo, só tinha uma irmã, aí eu contando muita história e o amigo disse assim, “ô Preta vamo divertir na casa de Sô Jão”, Zefa tá lá contando história e tem muita gente assistindo. Aí ela foi, assistiu, se divertiu muito, aí disse “Seu João”, meu pai se chamava João Aldo né, “Seu João Aldo, o senhor pode me dá a Zefa pra ela passar uns dia comigo, pra ela me divertir, contar história”. Porque ela perdeu o marido, tava pra perder o juízo, aí pai disse assim “Ah, a menina ta fazendo nada não, ela pode passa até meses com você, é aqui vizinho…”

Interessante como ela própria percebe o poder performativo de suas histórias, capaz de, como afirma Schechner, “transportar e transformar o espectador”. (SCHECHNER: 1985) O contato com as narrativas orais permite a viúva da história narrada transcender a sua própria dor individual ao mergulhar num universo místico criado pela contadora. Sua história, mesmo sem intenção, exerce um alto poder terapêutico. Atualmente com 84 anos, Zefa escreve a própia história de mulher e cidadã em Araçuaí, uma comunidade dominada pelo imaginário de vaqueiros e mineiros, tradições de lavadeiras cantoras e com muitos artistas e artesões, onde se destacam também suas conhecidas ceramistas: dona Lira, famosa por suas máscaras com motivos afro-brasileiros e dona Isabel, por suas bonecas grandes de cerâmica vestidas de noivas coloridas com os diferentes barros da região. Dona Zefa, não atribui a si própria a versão das histórias que conta, mas ao que foi aprendido com os mais velhos. Em suas histórias, se destaca a sua relação com a Mãe Terra, algo apreendido ao longo de sua existência e que considera primordial passar para os outros, como narra:

    O moço da imprensa falou comigo “Zefa, é engraçado que eu tenho feito entrevista no mundo inteiro. Eu nunca soube da pessoa conversar com Deus considerando a Mãe Terra como mesa da comunhão. É a coisa mais bonita que eu achei na minha vida e eu vô passar pruns amigo meu que é estrangeiro.” Porque é assim: antigamente… são confissão de antigamente, dos antigo. Então antigamente a cidade, pra você conhecer o padre era muito difícil, então tinha a santa confissão é… que os padre andava celebrando santa missão para confessar os povo, para confessar os povo, que era muito bruto e inocente, que morava nas montanha, no centro da roça. Então… você tem uma pessoa doente, que ele tá pra morrer. E como é que ele confessa se num tem padre? Eu moro num lugar distante, e aí? A cidade fica distante 5 ou 6 légua, e meu parente na cama da morte, e como é que ele confessa? Então antigamente a cidade era muito distante uma das outra. O antigo ensinou… essa oração da confissão ela já vem de muito mais de mil anos… muito mais! Muito mais! Isso vem dos antigo. Então diz assim. A pessoa vai conversar com Deus. Foi a confissão que o Cabeça de Ferro fez. Aqui teve um.. no mundo… teve um valentão igual a Lampião, igual a cangaceiro. Vivia matando os outro pra roubar. Só que ele não tinha companheiro, ele era sozinho. Então, chamava… o povo tinha tanto medo dele que chamava “Cabeça de Ferro”, porque não tinha ninguém. Era… o destino dele era o de matar, né? De dia… de noite… de dia ele tava no mato escondido e de noite ele saía escondido pra matar. Só que ele matava porque aquilo parece que era uma fraqueza da cabeça dele, ele era um matador de fama, né? Conta há muitos anos atrás, né? Milhares de anos… o Cabeça de Ferro era conhecido no mundo inteiro, né? Um caçador tava caçando e o Cabeça de Ferro tava escondido no mato que era pra noite… Ele invadir as casas, né? Aí quando o caçador viu o Cabeça de Ferro, ele desmaiou e caiu com a espingarda na mão. Aí o Cabeça de Ferro falou “Já viu um homem cair sem eu matar?” Mas mesmo assim o homem tava morto. Aí ele disse assim “eu não sou gente não, se o homem só de me ver, ele morre, eu não quero ter mais vida”. Aí foi e se ajoelhou num pedá de pau e disse assim: “Aqui me ajoeio, Senhor, nesta mesa de finar, minha alma se alegra de ver tão rico manjar. O manjar excelente dado pelo Senhor, que os pecado que eu tinha, agora num dia se confessou. Eu agora vós digo, Senhor, sem saber quanto eles são, perdoai os meus pecado, na santa mesa da comunhão.’’ Aí vai e beija… a terra, ce reza oiando pra o céu, porque é ajueiado, né? Você se ajueia e reza, porque tá conversando com Deus, com Jesus Cristo.

Quase sempre ela ilustra o pensamento com uma história, criando uma espécie de parábola em que demonstra uma espécie de moral sobre o assunto abordado. Em outra ocasião ela teoriza sobre o poder da Mãe Terra:

    Porque a Mãe Terra é a dona de nosso corpo. Ela tem todo o poder. Ela tem a graça de Deus de criar nóis. Ela criô nóis, cria tudo que nela existe, ela muda uma serra de um lugar pro outro, conforme uma tempestade de chuva. Ói, eu merma visitando a Lapa de Bom Jesus, eu merma vi o rio onde é que era… ele foi mudado… mudado, né? Bom, então a Mãe Terra muda a serra dum lugar pro outro. Por que ela não pode mudar nossa vida?

Dentre as inúmeras histórias colhidas, sem dúvida, a da Criação do Mundo, por ser a mais conhecida de todos, se torna a mais interessante por apresentar uma versão bastante inusitada, pois seus protagonistas são apresentados de forma coloquial, demasiadamente humanos em suas reações: Adão um tipo curioso e metido a esperto, Eva ingênua e gulosa, o Anjo um tanto futriqueiro e Deus, onipresente, mas meio esquecido. Ela não faz comentário sobre os personagens, percebemos seu comportamento através de algumas reações tão diferentes da percepção clássica de quadros estereotipados como “A tentação de Eva”, “A expulsão do paraíso” etc. A história de Zefa começa com que o já é conhecido, Deus criando Adão a partir de um monte de barro e deixando-o para que ele possa descobrir, sozinho, a natureza. Em algum momento depois, ele fica curioso para saber como está a sua criação e ele pede ao Anjo:

    “- Óia, vai ver como Adão tá.” E Deus sabia tudo que ia acontecer né. Aí o Anjo chegou lá, Adão tava acocorado por trás do pau com a mão na cabeça. O Anjo chegou assim: “- Ó Adão, que tristeza é essa? Você tem tudo nas suas mão, tem tudo à vontade e você tá triste assim, tem tudo enquanto é bicho pra você se divertir.” E ele tá calado. “- É o quê, Adão? Por que você tá triste? O que é que te faz alegrar?” E ele dizia assim ó: “- Só tenho alegria se aparecer uma companheira.”

Em sua narrativa mítica ela trata os personagens sagrados sem nenhuma cerimônia, como fazendo parte do universo caipira em que ela se insere, com tranquilidade e respeito; eles são extremamente informais e falam a linguagem do povo. Quando o Anjo dá a notícia para Deus, ele decide ir lá falar com Adão pessoalmente:

    “- Adão”, “- Tô aqui.” “- Cê tá querendo uma companheira, né, Adão? Tão deita aí.” Aí pegou a costela mindinha dele e fez a mulher, deu vida. Aí Deus contou a ele; aí ele perguntou assim: “- Por que o Senhor tirou o osso menor, a costela menor da cintura?” “- Porque a mulher tem que ser igual a você.” “- Por que não tirou da cabeça?” “- Porque a mulher não pode dominar o homem.” “- E por que não tirou dos pés?” “- Porque o homem não pode pisar na mulher.” Aí foi perguntando tudo.

Aqui a preocupação entre a equidade entre os gêneros surpreende, pois tradicionalmente o papel da mulher tem sido pouco enfatizado pela visão ortodoxa católica. Entretanto, o enunciado acima pode ser interpretado também como uma máxima reguladora da visão do universo católico rural, na qual o homem é quem tradicionalmente domina a mulher, portanto o inverso nunca pode acontecer. Ele, uma vez exercendo esse domínio, nunca deve maltratá-la. Mas de qualquer forma, a igualdade do paraíso, onde pareciam feitos um para o outro, nivelados pela inocência, um estado de graça foi definitivamente perdido e alcançado apenas num mundo mítico.

    Mas Deus sabia de tudo que ia acontecer. Aí foi mostrou os arvoredos tudo. “- Agora desse arvoredo aí, que vocês não podem comer, viu?” E a serpente tava perto, escutando. “- Não pode, porque se vocês comer desse arvoredo é pecado mortal, não pode de jeito nenhum!” A tentação ficou lá. Não apareceu a Adão. A mulher sempre tem a cabeça, o juízo, mais leve, leve, assim iludida né (riso). Aí a tentação tava toda graciosa lá no pé do arvoredo, né?! Aí a mulher assim: “- Ô fruta bonita, meu Deus!” Aí ela foi e comeu. Aí disse: “- Ó, Adão, vem cá. Vem comer um pouco pra você ver.” Aí Adão chegou e falou:” “- Devera, mas é bão de mais, tá doido! (riso).

E quando Deus mandou o Anjo ver como Adão estava, a visão foi inesperada e ele detalhou para Deus a situação em que encontrou o primeiro homem:

    “- Ó Senhor, ele desobedeceu ao senhor porque ele tá vestido de fôia. Tá vestido. E se apadrinharam, tudo envergonhado com vista no chão.” E foi ele pessoalmente chamar a atenção “- Ó, Adão, que que aconteceu com você mais com sua mulher? Foi você que inventou de atrair ela pra comer daquela fruta?” “- Foi ela. Foi ela que me iludiu e eu comi. Fiquei nesse estado.” “- Pois é, se vocês agora vocês tão vestidos, vocês se viram. Eu vou dar uma semente pra você plantar, dagora por diante você vai comer do suor do teu rosto. Porque você perdeu a veste da graça de Deus. Então agora você vai se vestir e comer do suor do teu rosto. Ademais, eu vou mandar o Anjo trazer tá?! Pra você plantar.” Aí foi, mandou o Anjo. O Anjo chegou com a enxada e a semente. Diz: “- Óia Adão, aqui é a semente do algodão, que a profissão de Eva é tecer roupa. Porque vocês, a geração de vocês vai se estender. Aí você pega a enxada e vai trabaiá. Aí ele foi, aí o Anjo foi embora.

A história bíblica toma um caráter extremamente nordestino, campesino: aqui a divisão do trabalho é claramente definida, embora sem hierarquia. O homem é o lavrador e a mulher a tecelã, enquanto ele lida com a terra, ela com o trabalho da criação das vestimentas. Entretanto, o grande ponto de mudança proposta pela história de dona Zefa ocorre neste momento:

    Quando bateu a enxada no chão aí brotou sangue da… do corte da enxada na terra, a terra foi e gemeu. Aí ele disse assim: “- Você é igual meu corpo, pois eu não vou cortar mais não, cê gemeu. Ah não, ah não. Não vou desobedecer, cortar ninguém não.” Aí foi pra casa, foi comer fruta. No outro dia, aí Deus mandou o Anjo: “- Vai ver se Adão plantou mesmo.” Chegou lá: “- Adão, por que você não plantou?” Aí ele contou o caso. Aí o Anjo voltou. Já foi ao Senhor: “- Ele não plantou nada não. Que a primeira enxadada que ele deu, a terra gemeu e brotou sangue. E ele disse que se era igual o corpo de que ele não ia plantar não.” Aí o Senhor falou: “- Eu tenho que ir lá.” Chegou assim: “- Ó Adão. Como é que aconteceu que diz que você cortou a terra e ela gemeu?’E disse assim:“- Ó Adão, é porque ela é virgi, porque o homem nunca cortou, porque o homem nunca trabalhou na terra. Eu vou conversar co ela pra fazer sua plantação.” Aí foi ele e disse assim ó: “- Mãe Terra você deixa Adão cultivar você, cortar você, porque você mesmo dá, você mesmo come.”Você vê que tudo que a terra produz ela mesmo come, né. E aí falô: “- Corta terra agora.”Aí ela não gemeu mais e Adão foi e plantou.

A terra desempenha um papel crucial na história, pois o próprio Deus vai pedir licença à Grande Mãe para que seu filho possa trabalhar nela. A explicação sobre o sangue e a virgindade da terra a torna humana. Mesmo sendo a Grande Mãe, ela permaneceu virgem até o homem perder a sua “vergonha”. A terra não fala, mas geme, ela parece ter sofrido ao primeiro corte dado, pois Adão a ouve e recua. Poderíamos levantar questões sobre uma religiosidade pré-cristã, relacionar aos mitos romanos e gregos, a Deméter e a Gaia, mas certamente estas culturas não parecem estar presentes nas palavras de Zefa. Ao que tudo indica devemos considerar muito mais o manancial indígena das culturas fortemente presentes na região de onde ela veio, inúmeros grupos, dentre os quais poderíamos destacar os Kariri-Xocós, os Pankarus, os Funiôs, os Pataxós, cujas culturas estabelecem uma forte relação com a Mãe Terra. E embora a presença Guarani nesta região não seja significante, sua mitologia é de forte impacto no imaginário da população brasileira, assim vemos muita semelhança com este momento engendrado na mitologia bíblica pela contadora. Na mitologia de origem Guarani, a Mãe Terra nasce do sopro do cachimbo do Grande Deus, que mandou os sete anciãos com as sementes-desenhos de tudo que seria criado com a missão também de criar o ser humano como o guardião da roça.

Na história narrada por Zefa, a terra ao se permitir ser germinada, após ter oferecido o seu próprio barro, a matéria prima para criação do primeiro corpo humano, ela então permite que em seu ventre sejam geradas as sementes plantadas por mão humana que vão servir de alimentos e algodão para criar abrigos. E desta forma, permitir ao homem que possa executar o seu castigo principal, o trabalho, pois a sua prole é uma consequência inexorável de sua existência comum com o sexo oposto.

    “- Ói, só tem uma coisa. A sua desobediência foi demais. Seu trabalho é plantar algodão. Agora vai vim filho de toda parte. Vai encher a casa deles. Faz uma casa grande porque home não pode morar no tempo. E o trabalho de Eva é só fiar pra vestir os filhos porque vem filho demais por aí.” Aí foi de geração em geração e foi gente toda vida, e gente toda vida, e Adão trabaiando e trabaiando junto com os filhos mais véio.

A história poderia terminar aqui, como geralmente acontece, “e a partir daí as gerações foram se sucedendo…” Mas Zefa introduz um elemento inesperado, a incapacidade do homem de vestir a sua prole. Quanto mais o casal trabalhava, mais filhos tinha e mais gente nascia para ser vestida. E Deus mandou o Anjo, mais uma vez, para verificar como estava indo a coisa. Mas aí, novamente, a narradora expõe Adão como um orgulhoso a querer enganar ao seu pai.

    “- Cês se esconde pro Anjo não ver.” Mas os menino queria ver né. Aí ele disse assim: “- Amanhã o Senhor vem te visitar e conhecer seus filho.” Aí ele foi mais Eva e disse assim:“- Vocês fiquem bem ó, vocês se esconde viu?! Porque o Senhor não pode ver vocês despidos não. Só aparece os vestidos.” O Senhor sabia de tudo né. Aí quando o Senhor chegou, chegou a multidão de filhos tudo vestido. E arvoredo tava por todo lado, os outros ficaram por lá apadrinhado, escondido, à frente dos arvoredo e apontando as cara, como macaco ainda por cima. O Senhor tava conversando com ele e disse assim: “- Que mói de gente é esse aí?” Quando Adão, não pôde falar nada, abaixou a cabeça assim.” “- Adão cê mentiu pra mim né? Né Adão?! Que tanta gente pelado é esse me espiando atrás dos pau? Nem é filho seu não Adão?” “- Não, num é meus fio não. Deve ser de algum bichinho por aí.”

Percebemos já no primeiro homem, os graves defeitos da raça humana, querer enganar ao próximo, e no caso o próximo era Deus. Mas, ao contrário da imagem do Deus colérico judaico-cristão, temos nesse de Zefa um Deus com um grande senso de humor. Pois diante da multidão de cabeças saindo de trás das árvores, e ao perceber que Adão estava trapaceando ele completa:

    “- Pois é, esses que tão me espiando é seus fio né. Mas você escondeu de mim, então, em macaco eles se transformará.” Aí ficou a geração braba de macaco no mundo todo. Mas é tudo família de Adão. Tudo que é completo no homem é completo no macaco.

A história aponta para as semelhanças entre o homem e o macaco e sua origem comum, explicando de forma mítica o elo perdido entre as duas espécies. É crucial percebermos na narrativa desta história a luta entre o mundo perfeito, sem pecado, proposto por Deus, (mesmo sabendo do seu insucesso na empreitada da criação, de acordo com a autora) e a vida humana enquanto conflito permanente. Ou poderíamos avançar e tomar a definição de Fitzgerald, empregada por Deleuze na abertura do seu capítulo Porcelana e Vulcão: “Toda vida é, obviamente, um processo de demolição.” Comentando o autor, Deleuze acrescenta:

    Eis um homem e uma mulher, eis casais (por que casais, a não ser porque já se trata de um movimento, de um processo definido como díada?) que têm tudo para serem felizes, como se diz, belos, encantadores, ricos, superficiais e cheios de talento. E depois alguma coisa se passa, fazendo com que eles quebrem exatamente como um prato ou um copo. (DELEUZE, 2006:157).



É claro, que na ótica de Zefa, o sentido da demolição ou da fissura, como aponta Deleuze passa por um filtro extremamente bem humorado. Ela, como mística e perfeitamente harmonizada com as forças da natureza está muito mais próxima da perfeição do criador do que do mundo da geração braba de macacos consumidores. Ela, portanto, vê o casal primeiro, que mal pode saborear as delícias do paraíso, para ter que dar duro para sustentar uma prole, cada vez mais necessitada, como algo que cotidianamente escolhemos na nossa vida distraída e descomprometida com as necessidades da Mãe Terra. E conclui com certa ironia a sua história da Criação do Mundo: “As história antiga são essas, é piada, né?! Uma coisa muito bonita pra se contar. Bom, eu gosto do antigo, a história antiga faz sentido né?!” O sentido que faz é sua possibilidade de associação e contextualização, a sua performance.

Zefa conta as suas histórias sentada no mesmo banquinho, junto ao chão em que trabalha fazendo suas esculturas em madeira. Seus gestos são econômicos, sua voz mansa, não dramatiza e não dá pronto os estados dos seus personagens. Sua palavra então, como uma lâmina de cristal, oferece transparência total e o verbo se faz carne não pelo que representa, mas pelo que criamos enquanto ela desfila seus incontáveis casos antigos. Acompanhamos sutilmente a sucessão de fatos, nos quais suas lembranças mais remotas se desenovelam em fios de lembranças recuperadas, sentimentos recuperados, não em função de um princípio religioso, mas pelo prazer fundamental de fazer do verbo carne. E por momentos fugazes experimentamos as delícias do paraíso perdido, transformados e transportados pelas palavras-imagens de Zefa.
Fotos de Lucas Vandebeuque

DADOS GEOGRÁFICOS DE ARAÇUAÍ MG

Araçuaí Vale do Jequitinhonha – MG
Araçuaí é um município brasileiro do interior do estado de Minas Gerais. A cidade faz parte da Mesorregião do Jequitinhonha e a Microrregião de Araçuaí. Tem uma população de 37.338 e uma área de 2.235,696 km², a distância á capital Belo Horizonte é de 678

8 municípios: Araçuaí, Caraí, Coronel Murta, Itinga, Novo Cruzeiro, Padre Paraíso, Ponto dos Volantes, Virgem da Lapa

Aniversário: 21 de setembro de 1871
Gentílicoa: Araçuaiense ou araçuaiano

16° 51' 00" S 42° 04' 12" O16° 51' 00" S 42° 04' 12" O

Unidade federativa: Minas Gerais
Mesorregião: Jequitinhonha IBGE/2008[1]
Microrregião: Araçuaí IBGE/2008[1]
Região metropolitana: Belo Horizonte
Municípios limítrofes: Virgem da Lapa, Coronel Murta, Itinga, Ponto dos Volantes, Padre Paraíso, Caraí e Novo Cruzeiro.
Distância até a capital: 678 km
Características geográficas: Área 2.235,696 km²
População: 37.388 hab. est. IBGE/2009[2]
Densidade: 16,6 hab./km²
Clima: Semi-árido ao úmido
Fuso horário: UTC-3

Indicadores

IDH: 0,687 médio PNUD/2000[3]
PIB: R$ 109.130 mil IBGE/2005[4]
PIB per capita: R$ 2.958,00 IBGE/2005[4]

 
Hidrografia
Bacia Rio Jequitinhonha
Principal rio: Rio Araçuaí
Rodovias
BR-367

BR-342

Clima
Seu clima vai do semi-árido ao úmido, com total pluviométrico anual compreendidos entre 600mm e 1600mm, distribuídos irregularmente ao longo do ano. As chuvas concentram-se no período de outubro a março, sendo o trimestre dezembro/fevereiro responsável por mais de 50% da chuva total.

Com pouca variação, a temperatura média anual fica ao redor de 21°C a 35°C. O mês mais quente é fevereiro e o mais frio junho. A umidade relativa do ar varia de 60% e 80%.

LINGUAGEM DO POVO DO VALE

ABROBA – abóbora, fruto da aboboreira, normalmente
AÇOITAR – Dar pancada(s) ou golpe(s) em; bater em,
AÇUCA – garota(o) bonita(o).
ADOND – a onde.
AGAZAIÁ – Agasalhar, Dar agasalho a; hospedar; abr
ARMARIA – Ave Maria.
ARREDA - v.i. 1. Verbo na forma imperativa, semelh
ARRIBÁ – Suspender.
AVUÁ – Sustentar-se ou mover-se no ar por meio de
AZANGÔ – estragou
BANHÁ – Meter em banho; dar banho a; lavar.
BÃO – Que tem todas as qualidades adequadas à sua
BARRER – Limpar com vassoura (principalmente o so
BARUI – Ruído, rumor.
BARUIENTO – Que faz barulho, ruído.
BELZONT Minas Gerais, infelizmente para onde a s.p
BENZODEUS – Expressão que indica admiração.
BERBELO - Beribéri
BESTAJADA - O ato de cometer bestagens. Ex. Deixa
BITELO – De tamanho, volume, intensidade, valor,
BUNIT – Que é agradável aos sentidos ou ao espíri
CABEU – Que foi possível ser contido; estar dentr
CABÔDAÍ - Acabou daí isso nem aconteceu. Idéia de
CADORNA – É uma das aves cinegéticas mais aprecia
CÁSDIKÊ - Por causa de que. Explicação subsequente
COFÓFÔ EU VÔ - Conforme for, eu vou.
CORGO - Corrego, riacho.
CRENDIOSPAD – Expressão que indica repugnância.
CRUZ CRED - (também usado como cruz em credo) – Ex
CUBAR – apreciar, prestar atenção, ficar de butuca
CUIÉ – colher, instrumento composto de uma concha
CUMPOC – Na fala dos k-iauzeiros antecede algo que
CURNICHA – Orgão sexual masculino.
CUSP – Saliva que se é expelida.
DEUSDE - sou magrilim deusde que eu era muleque!
DI CUMÊ – Diz-se daquilo que é comestível.
DONDOVÍM - De onde eu vim?
DOS TEMPO - "Dos tempo que ela tá grávida!"
ÉMEZZZ? - adj. 1. K-iauzeiro querendo confirmação.
ESPETAQUERO – Pessoa extravagante, diz-se do indiv
FÊRA - Feira. Normalmente exposição ao ar livre.
FICAR DE COC - sentado no chão ou sobre os calcan
FLÔ – Flor
GALÇA – Garça
IMMM - Forma diminutiva: Piquininimm, lugarzimm, b
INFESAR - Ficar com raiva, descontente, vontade de
INFUSADO - Alguem que contraria as regras ou algué
INTORNÁ - cabe na vasilha. 2. Derramar.
INTORNÁ - Quando não cabe na vasilha. 2. Derramar.
ISBARRÁ - Encostar sem intenção ou ficar com rece
KINEM - Advérbio de comparação - igual: Ela saiu
LÉ VAI – Ir, distanciar-se
LÉ VEM– Vir, aproximar-se
LEÍA – Que ia em direção a algo ou alguém.
LEVINHA – Que vinha ao encontro de algo ou alguém.
LIDIFICADOCADOR – Liqüidificador, aparelho elétric
MAGRILIM - Indivíduo muito magro Ex. Jefim
MAIS BOM – Melhor do que algo.
MAIS GRANDE - Maior do que algo.
MAIS MAIOR – Maior do que algo.
MAIS MIÓ – Melhor do que algo.
MALÁKÁBAD - Pessoa com aparência não agradável. Al
MANGA - Onde se solta o gado para pastar.
MUIÉ - O ser humano do sexo feminino.
MULERA – parte de trás da cabeça.
MUSQUIT – mosquito
NA MESMA DA HORA - Que ocorre ou é feito ao mesmo
NA OND? - Em que local?
NIGUCIM - Qualquer coisa que o k-iauzeiro acha pe
NISTURINHA – 1. Pouco tempo atras. 2. Daqui a pouc
NNN - p.o.p. 1. Gerúndio do k-iauzarês: Brincannno
NÓL - Nó, amarração bem feita, situação confusa.
NÓS VAI – Nós iremos.
NÓS VEM – Nós viremos.
NUÉMERMO? - z.bra. 1. K-iauzeiro procurando concor
NUM... NÃO - ã.h. 1. Advérbios de negação usados
ÓIQUI - a.b.c. 1. K-iauzeiro tentando chamar a ate
ONDÔTÔ - Onde eu estou? Utilizado quando não se sa
PAIAÇO - 1. Pessoa que só diz tolices ou faz pape
PIDIM – cara chato
PLASC – plástico
PÓPÔPÓ? - h.xá 1. A K-iauzeira perguntando ao mari
PÓPÔPOQUIN - o.d.d. 1. Resposta afirmativa do mari
PORCÃO DA "GROP" – indivíduo gordo, obeso.
PORVÁ - Tirar prova, experimentar, analisar parte
PRONCÔVÔ - Pra onde eu vou. Itilizado em caso de n
PUTSGRILA – expressão que indica surpresa.
RÍ - Rio ou efeito de rir.
RIBUÇAR - ato ou conduta de cobrir-se.
ROÇÁ - Ato ou efeito de utilizar a foiçe para apar
RUPIAR – 1. Levantar, eriçar, encrespar 2. Sentir
SUBACO – axila, cavidade na parte inferior da junç
SUVERTÊ - 1. Fazer desaparecer 2. Esquecer em luga
TEIA – Peça, em geral de barro cozido, usada na co
TEIADO – telhado
TREM - s.b.p. 1. Palavra que nada tem a ver com tr
TRÔÇO - Matérias fecais; excremento, dejeto.
TRÓÇO - 1. Tudo que é manipulável e/ou manufaturáv
TRUPIKÁ - Ato ou efeito de levar um tropeção.
TRUSSE – trouxe
UM LOT - Determinada quantidade de objetos, ger.
VARGE - e.l.a. 1. Aquele legume verde rico em fibr
VÉI - 1. De época remota; antigo 2. Gíria do Kiauz
VICHE NOSSA – Expressão que indica admiração.
VIRAR DE CAMBOT – capotar
VIRGILINA – expressão que indica surpresa.
ZÓI – olhos, apelido de André!
ZOREIA – orelha
ZOViDO – ouvido
ZUNHA – unha
ZUNIND – Deslocar-se velozmente. Ex. "O carro pass

gato

massagem

mulher orando

Prece

SÁ LUIZA BENZEDEIRA

SÁ LUIZA BENZEDEIRA
FALECIDA EM 2001 AOS 107 ANOS

PROIBIDO FUMAR

mar como te quero

RUA GENTIL DE CASTRO

RUA GENTIL DE CASTRO
RUA DE BAIXO

CAPELA SANTA CRUZ

CAPELA SANTA CRUZ
Iª CAPELA DE ARASSUAHY

NILTON CALHAU

NILTON  CALHAU
ARAÇUAÍ

mulher orando

Prece

ORAÇÃO DO ARTESÃO

"Senhor! Tu que és maior dos artistas, fonte das mais belas inspirações. Abençoa meu talento e as minhas obras.

Maravilhoso é o dom que me deste, na louvada missão de servir-te com
alegria, e de exercer meu trabalho com amor e dedicação. Por isso,
agradeço-te por permanecer sempre comigo.

Dá-me o equilíbrio entre a razão e a emoção, humildade e sabedoria para me aperfeiçoar.

Inspira-me, ó Mestre, a criação do novo e do belo. Protege também, todos os artesãos e os artistas em suas carreiras e gêneros.

Faze com que minhas obras contribuam para a construção do teu reino,
e que eu prospere, seguindo teus desígnios, pelos caminhos gloriosos da
arte.

Amém!"

VISTA DIOCESE

VISTA DIOCESE
IGREJA CATEDRAL

IGREJA SENHOR DA BOA VIDA

IGREJA  SENHOR DA BOA VIDA
NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

ESCRAVOS

ESCRAVOS

NILTON

NILTON
PROFESSOR
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CARICATURA DA ZEFA ARTESÃ

CARICATURA DA ZEFA ARTESÃ
1925 --- 2013

PROFESSOR

PROFESSOR
ARTISTA PLÁSTICO

BARRA DO PONTAL (ITIRA)

BARRA DO PONTAL (ITIRA)
ENCONTRO DOS RIOS EM ARAÇUAÍ

CASA DE LUCIANA TEIXEIRA EM 1817

CASA DE LUCIANA TEIXEIRA EM   1817
ARASSUAHY- CALHAU

ENCHENTE DE 1979

ENCHENTE DE 1979
ARAÇUAÍ MG

CASA DA ZEFA ARTESÃ-2013

CASA DA ZEFA ARTESÃ-2013
ARAÇUAÍ MG (NILTON)

BAHIMINAS EM 1942

BAHIMINAS EM 1942
ARAÇUAÍ MG

CENTENÁRIO DA DIOCESE

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JOSEFA ALVES DOS REIS

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ZEFA ARTESÃ

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Silêncio interior

A meditação é a medicina do corpo e da mente mais poderosa do mundo.
Além
de terapêutica é a melhor ferramenta para o crescimento pessoal e
espiritual.
Preste muita atenção: aprendendo a meditar você descobre a diferença
do
que é ou não importante para sua vida, com isto se torna uma pessoa
mais
segura e objetiva. Com a meditação você cura seu corpo, melhora a
memória
e concentração, desperta a intuição e a percepção. Você se torna uma
pessoa
mais disposta e produtiva, mais agradável e serena. A forma de
meditar é
muito particular de cada pessoa. Existem muitas técnicas e rituais.
Cada
um deve praticar da maneira que se sentir melhor. Procure um livro,
um curso
ou um mestre, mas procure, pois a meditação vai melhorar muito a sua
vida,
pois vai fazer você encontrar a pessoa mais importante do mundo: você
mesmo!

BENZEDEIRA

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