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EM BREVE UMA PROGRAMAÇÃO QUE TOCARÁ NO FUNDO DO SEU CORAÇÃO

Posted by Nilton Professor Ribeiro on Quarta, 17 de junho de 2015

domingo, 31 de julho de 2011

Igrejas

CONCEPÇÃO DE AMOR E MATRIMÔNIO




CONCEPÇÃO DE AMOR E DE MATRIMÔNIO

Data: 25/06/2011 | Autor: Pe. José Paulino - Direito Canônico 
2. CONCEPÇÃO DE AMOR E MATRIMÔNIO                          
2.1. Concepção de amor
Pressupondo que o matrimônio é uma expressão de amor, faz-se necessário definir esses dois termos: amor e matrimônio.
O dicionário Aurélio (FERREIRA 2000), apresenta algumas definições para o substantivo masculino amor:
1- Sentimento que pressupõe alguém a desejar o bem de outrem. 2- sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro, ou a uma coisa. 3- Inclinação ditada por laços de família. 4- Inclinação sexual forte por outra pessoa. 5- afeição, amizade, simpatia.
Observa-se que na língua portuguesa o conceito de amor é bem genérico. Já para os gregos e, mesmo na Sagrada Escritura, há uma distinção mais precisa do assunto. Desse modo, fala-se de três concepções de amor especifica:
1- Amor Eros: entende-se como o amor carnal existente entre um homem e uma mulher. Caracteriza-se especialmente pelo desejo da conquista do outro e pela existência de uma paixão inebriante.
A bíblia não vê esse amor como algo proibido e profano, mas como algo criado por Deus. As pessoas são convidadas a equilibrarem tal sentimento como se pode notar: “como são ternos teus carinhos, minha irmã e minha noiva! Tuas carícias são mais deliciosas que o vinho; teus perfumes, mais aromáticos que todos os bálsamos” (Ct 4,10).
Como o amor supõe uma resposta a noiva responde: “porque é forte o amor como a morte… Águas torrenciais não conseguirão apagar o amor, nem rios poderão afogá-lo. Se alguém quisesse comprar o amor com todos os tesouros da sua casa, receberia somente desprezo” (Ct 8,6s).
O magistério da Igreja não condena a vivência desse amor, desde que o mesmo seja equilibrado e que não seja algo individualista e hedônico. Na Encíclica Deus Caritas est o papa Bento XVI Fala “Somente quando ambos (corpo e alma) se fundem verdadeiramente numa unidade é que o homem se torna plenamente ele próprio. Só assim é que o amor – o eros – pode amadurecer até sua verdadeira grandeza”. (Deus Caritas est, 4)
2- Amor Filia: É o amor amizade, fraternidade. Caracteriza-se por não monopolizar, não escravizar o amado ou amada nem tão pouco cria dependência. Esse culmina no exercício do serviço. Assim o que ama é capaz de sacrificar a vida pelo outro. Os Evangelhos apresentam Jesus como o exemplo sublime de amor: “ninguém tem maior amor do que aquele dá a vida pelos amigos” (Jo 15,13). Os gregos preservavam muito o sentimento de amizade com algo fundamental nas relações. O filósofo Ateniense Epicuro (IAROCHEVSKI, 2010) diz a amizade é o máximo que a sabedoria da felicidade nos pode oferecer na vida.
3- Amor Ágape. Esse é o amor por excelência. Trata-se do amor Divino, portanto, do amor puro. Caracteriza-se por ser um amor a todas as pessoas o qual não se limita aos amigos. É o amor fundamentado e sustentado pela fé. Esse amor fundamenta a relação de Deus com o ser humano, amado por Deus nesse amor ao qual é convidado a responder tal amor.
Esse amor é descrito por Paulo na primeira carta aos Coríntios (1Cor 13, 1-13).
Essas três formas de amor devem ser vividas de maneira integral. Não se pode separar uma da outra. O papa Bento XVI diz que a origem de todas essas expressões de amor vem de Deus e que as mesmas se fundem:

“Deus é absolutamente a fonte originária de todo ser; mas esse princípio criador de todas as coisas é, ao mesmo tempo, um amante com toda a paixão de um verdadeiro amor. desse modo, o eros (também a filia) é enobrecido ao máximo, mas simultaneamente tão purificado que se funde com o ágape”. (Deus Caritas est, 4)

Essa fusão não constitui confusão. Nela a particularidade de cada ser é preservada. No sentindo prático, o amor é o meio pelo qual o homem estabelece uma relação com Deus. Nessa relação o ser de Deus e do homem se unem, por meio de um só Espírito, mas não se confundem. (1Cor 6,17).
             
2.2 Concepção de matrimônio


Etimologicamente “Matrimônio” significa oficio ou tarefa (do latim: munium ou múnus)  
A Bíblia narra que depois de criar o homem e a mulher numa só carne (Gn 2, 24), Deus os abençoou e os ordenou a serem fecundos e de se multiplicarem para pouparem a espécie. Essa união, abençoada por Deus, tornou-se um ato moral e natural ao ser humano. Nesta perícole a Igreja ver a primeira prefiguração do matrimônio cristão.
Além do Gênesis, o magistério eclesiástico entende que o matrimônio foi elevado a condição de sacramento por meio da presença de Jesus nas bodas de Caná. Jesus, o autor da nova lei, eleva o Matrimônio à dignidade de sacramento.
O reconhecimento oficial da Igreja do matrimônio como sacramento se deu no concílio de Trento, no século XVI.
No código de 1917, não havia um conceito doutrinário do matrimônio.  O papa Pio XI (1930) na Encíclica Casti Connubii define “o matrimônio como a união do homem e da mulher, e o consorcio de toda a vida, comunicação do direito divino e humano.”
A verdadeira definição de matrimônio aparece no Código de 1983, no cânone 1055:

§ 1. O pacto matrimonial, pela qual o homem e mulher constituem entre si o consórcio de toda a vida, por sua índole natural ordenado ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole, entre batizados foi por Cristo Senhor elevado à dignidade de sacramento.
      § 2. Portanto, entre batizados não pode haver contrato matrimonial válido que não seja por isso mesmo sacramento.

Na língua portuguesa, geralmente se usa o termo casamento. A legislação civil reconhece a existência do casamento. A atual (Art. 1511, CC) considera o casamento como o ato que estabelece uma comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
Existem teólogos que relacionam o conceito de matrimônio ao conceito de Aliança. Desse modo, o casamento também se concebe como uma aliança feita entre o homem e a mulher a qual é associada à aliança que Cristo fez com a sua Igreja. Tanto essa perspectiva se consolidou que as alianças tornaram símbolos vinculados ao matrimônio.
Finalmente pode se enfatizar que, em geral, o conceito de matrimônio conduz a concepção de contrato, sacramento e aliança.

Campanha da Fraternidade Diocese de Araçuaí

Campanha da Fraternidade foi lançada na Diocese de Araçuaí




































A Missa da Quarta-Feira de Cinzas realizada no Santuário, em Araçuaí, e presidida pelo Bispo Dom Severino Clasen, marcou oficialmente o início da quaresma e o lançamento da Campanha da Fraternidade 2010, que tem como tema: “Economia e Vida”, na Diocese de Araçuaí, no Médio Jequitinhonha.
Logo após o carnaval é celebrada a Missa de Cinzas em todo o país. A cerimônia quer lembrar a homens e mulheres que todos são pecadores e precisam de conversão e da misericórdia de Deus.
Um dos momentos marcantes da celebração é a distribuição das cinzas, como sinal de conversão e humildade. Elas são bentas e os fiéis a recebem na testa em forma de cruz, sendo pronunciado pelos ministros a frase convertei-vos e crede no Evangelho. 




























No período da Quaresma, os cristão são convidados a fazerem uma renovação espiritual através da oração, jejum, meditação e a esmola.
Em Araçuaí, foram realizadas duas celebrações: uma na Catedral e outra na Igreja Matriz. 
A Missa da Catedral contou com a participação de um grande número de fieis. 
Já a celebração na matriz foi campal, com a participação de mais de duas mil pessoas. Este período é um tempo de preparação para a Páscoa quando os cristãos são convidados a fazerem uma renovação espiritual, marcado pela oração, jejum e esmola. 
A quaresma relembra os 40 dias que Jesus passou no deserto.
Fonte: TV ARAÇUAÍ

Histórico da Diocese de Araçuaí


Histórico da Diocese de Araçuaí

Tendo como padroeira Nossa Senhora da Lapa, a Diocese de Araçuaí, em Minas Gerais, é governada por Dom Severino Clasen, o oitavo bispo desde a sua criação pelo Papa Pio X em 15 de agosto de 1913. Ela está situada no Vale do Jequitinhonha, conhecido por apresentar baixos indicadores sociais, segundo o IBGE, mas ao mesmo tempo por exibir uma riqueza cultural invejável, com traços fortes da cultura indígena e da cultura negra.

A Igreja Católica tem uma presença marcante na região a partir do Século XVIII, quando o Vale do Jequitinhonha começa a ser colonizado em função da exploração do ouro e do diamante. Neste período nasceram as primeiras paróquias em Minas Novas e Berilo. A exploração mineral não teve vida longa e a região ficou à mercê das intempéries do clima semi-árido, com médias térmicas em torno de 25,80ºC (as chuvas podem ocorrer de novembro a janeiro, o que provoca uma forte aridez nos demais meses). Com isso, as populações passaram a se concentrar às margens dos rios Araçuaí e Jequitinhonha para cultivarem uma agricultura de subsistência. 

A primeira paróquia de Araçuaí, a de Santo Antônio, foi criada em 3 de junho de 1857, bem antes da emancipação política do município, que se deu em 1871. 

No começo do século XX, muitos missionários e missionárias vieram para a região. Exemplo disso é a presença dos franciscanos holandeses da atual Província de Santa Cruz, que trabalharam na região da diocese de 1912 a 1978. Depois continuaram na nova Diocese de Almenara. Com Dom Severino, os franciscanos abriram também uma nova fraternidade na diocese, mantendo a tradição.

Dom Serafim Gomes Jardim teve a missão de implantar a nova diocese de Araçuaí a partir de 1914. Conhecido por seu ardor missionário, enfrentou duas enchentes que arrasaram a região: 1919 e 1929. Entre os seus feitos, estão a construção da segunda catedral e a fundação do Colégio Diocesano. Com ele, vieram as Irmãs Franciscanas Penitentes Recoletinas, para fundar o Colégio Nazaré, que é marco na cidade. No tempo de Dom Serafim, Frei José de Haas construiu também a Igreja Matriz e o convento dos franciscanos (hoje, casa paroquial). Com a transferência de Dom Serafim para Diamantina, como arcebispo, foi ordenado bispo para o seu lugar Frei José. Ele terminou a construção da atual catedral, iniciada por Dom Serafim, e deu início também ao atual Palácio Episcopal. Seu túmulo na Catedral é muito visitado por ser lembrado como um verdadeiro santo, de simplicidade franciscana e amor aos pobres.

O primeiro seminário menor foi uma iniciativa de Dom José Maria Pires, terceiro bispo da diocese. Dom José ficou conhecido no Brasil como Dom Pelé e foi ele que influenciou na construção da diocese de Teófilo Otoni, desmembrada da diocese de Araçuaí em 1960. Em 1964, ele ordenou os dois primeiros padres para a diocese: Pe Silvano e Pe. José Lávia (falecido). Depois do Concílio Vaticano 2º foi nomeado arcebispo da Paraíba e hoje reside em Belo Horizonte, como bispo emérito e atende como pároco a cidade de Córregos, onde nasceu.

Dom Altivo Pacheco Ribeiro ficou sete anos na diocese e pediu afastamento devido a problemas de saúde. Foi o responsável pela implantação das novas normas da Igreja pós-Concílio Vaticano II. Já Dom Silvestre Luís Scandian, atual arcebispo de Vitória, assumiu a diocese no tempo da ditadura militar. Foi um defensor dos direitos humanos, trouxe os religiosos da Congregação Verbo Divino para a diocese, ajudou na reconstrução da cidade em 1979, trouxe a RCC, reformou a Catedral, a residência do bispo e os prédios mais antigos passaram a ser utilizados como Centro Diocesano Pastoral.

Dom Crescenzio Rinaldini trabalhou vinte anos como professor e diretor do Seminário. Em 1981, foi chamado de volta à sua diocese de Bréscia, na Itália. Mas no ano seguinte voltou como bispo. Além de reabrir o Seminário Diocesano, o Curso de Segundo Grau e Filosofia, onde é professor até hoje, abriu também a Escola Técnica em Agro-pecuária. Mais tarde esta escola foi ampliada com os cursos de mineralogia e topografia, chamando-se Hagrogemito.

Dom Enzo, como é conhecido, reconstruiu e ampliou o Centro Diocesano de Pastoral e fundou o primeiro canal de televisão da cidade: a TV Araçuaí, sintonizada com a TV Cultura. Aos 75 anos, Dom Enzo pediu um Bispo Coadjutor e recebeu aqui Frei Dario Campos, que era provincial dos Franciscanos da Santa Cruz. O novo bispo tomou posse em 2000 e, no ano seguinte, assumiu a diocese. Em plena atividade, o bispo franciscano melhorou a estrutura da Cúria Diocesana e do Centro Pastoral. Celebrou a 7ª Assembléia Diocesana de Pastoral, mas em 2004 foi transferido pelo Papa para a Diocese de Leopoldina.

Depois de um ano de vacância, assumiu Dom Frei Severino Clasen, que era o Reitor do Santuário São Francisco, em São Paulo 
FONTE: SITE DIOCESE ARAÇUAÍ MG

NOSSOS BISPOS DA DIOCESE DE ARAÇUAÍ MG


Dom Serafim


Dom José Haas



Dom José Pires

Dom Altivo

Dom Silvestre



Dom Enzo

DOM DARIO

DOM SEVERINO CLASEN





Dom Enzo


Dom Enzo  60 anos de sacerdócio( 29 de Bispo em 04/08/2011)
Dom Enzo Rinaldini celebrou 60 anos de sacerdócio.( 29 de Bispo em Araçuaí)
Dom Enzo foi o responsável por obras sociais importantes como a criação da escola Hagrogemito. Dom Enzo Rinaldini foi presenteado por Deus com diversos dons e talentos. Intelectual, arteiro, sábio, humilde e com um história de vida marcada pelo evangelho mostrou a muitos o caminho.
Dom Enzo, meio-italiano, meio-brasileiro, marcou profundamente o Médio Jequitinhonha.
Disse  ele, desde criança já tinha vocação para ser padre.
Dom Enzo tem 86 anos de idade  no momento se encontra bem debilitado devido seu desgasto físico. Sua grande preocupação sempre foi justamente a formação da juventude.
Ele chegou ao Brasil há  mais de 50 anos atrás, se tornando um dos moradores da região, aconselhando, formando, e dando principalmente exemplo de vida.
Dom Enzo desenvolveu serviços pastorais e sociais importantes como a implantação da Hagrogemito, a fundação da TV ARAÇUAÍ e da Rádio .
Fonte: TV ARAÇUAÍ

Dom Enzo



Há 24 anos, os alunos da Escola Técnica em Agro-pecuária subiam a rampa do prédio do Seminário São José, de Araçuaí, para a aula inaugural, ao som da música de Geraldo Vandré, “Pra não dizer que não falei das flores”, uma canção que foi proibida durante o regime militar e só liberada em 1979. No dia 22 de fevereiro deste ano, os novos alunos repetiram a canção para homenagear o seu fundador, Dom Enzo Rinaldini, que desde o primeiro dia foi também um mestre dedicado até hoje. A homenagem emocionou o bispo emérito da Diocese de Araçuaí,  a ponto de não conseguir terminar a bênção final.

Dom Enzo se dedicou de corpo e alma a esta escola, que tem um nome difícil de se acostumar: Hagrogemito. Ele explica: agro – agropecuária; ge – geologia; mi – mineração; e to - topografia, que eram os cursos técnicos disponibilizados pela escola. Numa espécie de entrevista coletiva, Dom Enzo conversou com os alunos de hoje e confessou que na época da fundação, a maior dificuldade foi fazer os alunos entenderem que esta era uma escola diferente. “Não era só uma escola de colar grau e ter uma capacitação técnica, mas dar ao aluno uma formação moral e cristã”, contou, sem perder a oportunidade de criticar nossa sociedade consumista.

“Vejo que a juventude hoje em dia – não sei se é o caso de vocês, disse para os alunos – procuram a escola pensando somente no retorno financeiro, mas não para estudar e se tornarem agentes de transformação social. Existe por aí uma cambada de doutores que não contribuem em nada para elevar o nível social, econômico, cultural e moral da população. Posso dizer que hoje em dia a sociedade é mais depravada do que há 24 anos. Infelizmente, as vítimas são vocês. Os jovens”, lamentou, lembrando as drogas, os crimes, a prostituição que cerca o universo do jovem hoje. “Queira Deus que vocês, freqüentando esta escola, entendam que a coisa mais importante não é a habilitação técnica, mas a formação moral e ética. Acrescento também a religiosa”, disse, assinalando, contudo, que a escola aceita alunos de outras religiões.

Dom Enzo foi ordenado sacerdote na Diocese de Brescia,na Itália, em 1949. Ele chegou, como missionário ao Brasil, em 1968. “O bispo D. José Maria Pires queria construir um seminário para abrigar 100 seminaristas. Era uma norma do próprio Papa que em todas as dioceses tivessem um seminário. Eu cheguei em 1960 e vim exatamente para poder ajudar no Seminário e na paróquia”, conta Dom Enzo.

Nos anos 70, segundo Dom Enzo, o prédio foi alugado por alguma faculdades, como a Pontifícia Universidade Católica (PUC), para abrigar formandos que estavam fazendo estágio em diversas áreas na região. “Quando cheguei como bispo, em 1892, sabia que no ano seguinte terminaria o prazo para as universidades que alugavam o prédio para seus cursos. Na época fiz a proposta ao Reitor da universidade para que continuasse aqui com os universitários mas se criasse uma escola profissionalizante. Ele ficou pensando e me disse que não era viável. Em 1983 encerrei o contrato e dei início à Escola de Agropecuária”, recorda D. Enzo. “A idéia inicial era de fazer uma escola diferente. Uma escola em que o aluno deveria ficar durante o dia todo, das 7h30 até às 5 horas da tarde, inclusive almoçando aqui. De manhã haveria aula, à tarde estudo com aulas de reforço e, das 15 às 17 horas, trabalho na horta”.

Segundo D. Enzo, o curso tinha duração de 4 anos. “Era talvez a única escola do Brasil que tinha ocurso de 2º Grau Técnico de 4 anos. Em 1991, anexei os cursos de geologia, mineração e topografia, que depois virou agrimensura”, explicou. “É de se notar que, além de o aluno ficar o dia todo na escola, havia também o internato. O prédio era grande e não havia seminaristas, então, passamos a abrigar alunos de outras cidades que não tinham possibilidade de pagar o aluguel de uma casa ou hospedagem. Havia uma turma do interior muito grande. Inclusive, professores que moravam na escola”, recordou Dom Enzo.
Por Moacir Beggo

Dom Severino








Frade franciscano da Província da Imaculada Conceição, Frei Severino Clasen surpreendeu seus confrades e os paroquianos (as) em 2005, quando se tornou o primeiro bispo nomeado pelo Papa Bento 16. Seu destino: a Diocese de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Próximo de completar o seu primeiro triênio como bispo, Dom Severino não mudou muito em relação àquele frade que estava sempre presente nas obras sociais do Serviço Franciscano


de Solidariedade (Sefras), atendendo e acolhendo o povo na Paróquia,  Santuário e Convento São Francisco, no centro de São Paulo. Brincalhão, alegre, fraterno, Dom Severino não esconde que o peso maior da missão é administrar uma Diocese numa região carente do país, onde o seu clero enfrenta longas distâncias, feitas na maioria das vezes em estradas de terra, que avançam por morros e montanhas do Vale.

A Cúria ou residência do Bispo foi construída ao lado da Catedral de São José e está junto de um grande Centro Pastoral. Apenas ele e Dom Enzo Rinaldini, bispo emérito, vivem na Cúria. Para quem vivia em fraternidade, Dom Severino admite que sente falta  do convívio com seus confrades, mas ressalta o bom relacionamento que tem com Dom Enzo: “Ele é muito fraterno”! Para ele, solidão é uma palavra que não existe no seu vocabulário e garante que a oração e a espiritualidade franciscana dão forças na nova missão.
Por Moacir Beggo   
Site Franciscanos – Próximo de completar o seu primeiro triênio como bispo na Diocese de Araçuaí, o Sr. já pode dizer que conhece bem “o seu rebanho”?
Dom Severino - Em parte, porque a Diocese é muito grande. Ela tem 23 mil quilômetros quadrados e o acesso a todas às localidades se torna mais difícil. Para se conhecer “o rebanho” e ter essa proximidade, é preciso ir às comunidades, que na nossa diocese são 986. De certa forma, posso dizer que já deu para conhecer bem este povo, que é muito religioso e tem sede de algo novo.

Site Franciscanos – Como o Sr. define ou apresenta a Diocese de Araçuaí no Vale do Jequitinhonha?
Dom Severino – Há uma imagem que se criou de associar o Vale do Jequitinhonha ao "vale da miséria", onde povo vive das pequenas plantações, chegando a passar fome e sofrimento nos períodos de seca. Não deixa de ser uma região carente, como muitas deste país, mas o Vale real é muito maior e rico, principalmente em se tratando do povo, que tem muita sensibilidade religiosa, possui um potencial riquíssimo na área cultural, especialmente ligado à cultura negra e indígena. São conhecidos os artesanatos da região, principalmente os trabalhos de tecelagem, cerâmica, esculturas em madeira, trabalhos em couro, sem se esquecer da música, principalmente dos corais de crianças (o Coral Meninos de Araçuaí tem como padrinho Milton Nascimento). É um povo que tem uma percepção humana muito grande, que convive em harmonia, respeito e solidariedade. Infelizmente, hoje, o índice de criminalidade também cresceu na região, com o advento das drogas e do tráfico. Mas, no geral, o povo é pacífico.

Site Franciscanos - Como se sente o Frei Severino depois de três anos como bispo?
Dom Severino - Quando ouço a palavra “bispo” nem sempre associo a mim. Acho que a mitra ainda não assentou na minha cabeça (risos). Quando vou celebrar, às vezes, esqueço de que sou um bispo. Mas o povo não gosta, pois ele quer ver o bispo. Penso que se a figura do bispo se torna próxima, há um encantamento maior do povo por ele. Quando cheguei aqui, senti uma acolhida muito grande e rápida, tanto por parte dos setores da Igreja, ou da Diocese, assim como da sociedade. E isso é bom diante do peso  da minha missão. Por outro lado, isso me obriga a cultivar, mais do que antes, a minha espiritualidade, a minha fé, para ter clareza desta missão e de como prestar contas à Igreja e à Deus. Por isso, no final da tarde, bem no horário do Ângelus, eu sento aqui na varanda, de onde posso ver toda a cidade, e faço as minhas orações. A salmodia, a meditação do terço, fazem esquecer os problemas do dia e me fortalecem na missão que Deus me deu. Sinto-me muito bem assim.

Site Franciscanos – Não há espaço para a solidão vivendo sozinho como bispo?Dom Severino –  A oração elimina, por exemplo, o perigo da solidão, que traz o tédio e a tristeza. Além disso, sou um tipo de muita atividade. Aprendi a me ocupar bem. Nessa ocupação, a expressão mais linda da vida é estar bem na vocação que Deus me deu.

Site Franciscanos – Como foi assumir pela primeira vez uma Diocese e logo de cara se ver na condição de diretor-presidente de um hospital prestes a fechar as portas?
Dom Severino - Quando era pároco em Porto União (SC) fui provedor de um hospital. Mas lá não haviam problemas de ordem financeira. Aqui tivemos de iniciar do zero o gerenciamento, em todos os aspectos, para reverter o quadro de falência. A começar pelo público-alvo, que tem uma idéia equivocada sobre o uso do hospital – aqui, com qualquer dorzinha de cabeça corre-se para o hospital -, passando pela questão política (reduto eleitoreiro), pelo quadro de funcionários; pelo corpo clínico, havia uma desintegração daquilo que é a vocação de instituição hospitalar. Esse tipo de instituição não é um negócio, mas é um espaço para se cuidar do ser humano, desde o nascimento até a morte natural. O hospital tem essa função: cuidar e curar. Ele acolhe porque alguém está doente e não para fazer um atendimento ambulatorial. Para isso, existem os postos de saúde. Criou-se a mentalidade de que para tudo tem de ser no hospital. E aí está o grande desafio na área de gerenciamento, porque gerenciar uma empresa é uma coisa, gerenciar um hospital é outra bem diferente.

Site Franciscanos – Mas se o Sr. quisesse, poderia abrir mão desta função?
Dom Severino – Sim, mas é preciso lembrar que o hospital é a única referência do Regional para o povo. Tenho em mente a passagem do Evangelho: “eu estive doente e me visitaste”. Isso bate na consciência da gente. Então, o foco não é só uma instituição, mas o ser humano que está no centro de uma situação de crise. Ainda mais em se tratando de uma região carente. Recentemente, quando participava de uma reunião, alguns diretores disseram que não desistiram porque viram que o Provedor tinha coragem para mudar. Hoje, eles também sentem orgulho disso. Essa é a função do pastor: cuidar da ovelha.

Site Franciscanos – Além do hospital, quais os desafios maiores de sua Diocese?
Dom Severino – O gerenciamento, como no hospital, vale também para a Diocese. Nós, como estrutura de Igreja, aprendemos a fazer os pacotes de pastorais, onde temos um "pool" de atividades, mas se você olhar bem não há evangelização nenhuma, porque cada um quer fazer o seu serviço isoladamente. Ironicamente, onde mais se fala em comunidade, não há uma visão de conjunto da Igreja. O ser humano não é a referência, mas se buscam atividades esporádicas, onde cada um quer autoprojeção, etc. Isso tem de ser superado. A animação de uma Diocese também precisa ter os princípios básicos como gerenciamento de uma empresa. Você precisa ter bem claro qual é a missão. Bem claro qual é a missão da nossa Igreja. A empresa também precisa disso. Também tem de ter bem claro quais são os objetivos, as estratégias, os valores para alcançar essa missão. Quais são os pontos fortes e fracos? Quanto custa? Aqui, nunca se perguntou quanto custa. Então, peguei uma diocese com uma receita de 25% e uma despesa de 75%. Por isso comecei a gritar muito antes de ficarmos totalmente falidos. Por causa disso, houve críticas pelo fato de o bispo falar em dinheiro. Aí tive de trabalhar essa questão. Este é o desafio e ele será superado quando nós entendermos o que é a evangelização, que a animação das pastorais deve ter um trabalho mais integrado, que o ser humano é a prioridade na diocese e que nossa referência é eterna e nunca se esgota: o Reino de Deus. Para isso, é preciso preparar os padres visando este trabalho conjunto. A gente sente essa carência de lideranças. Para mim, foi muito importante a experiência que fiz no Sefras (Serviço Franciscano de Solidariedade) e com os metanóicos (www.cempre.net) para ter uma base e chegar aqui com uma visão diferenciada.

Site Franciscanos – Como ter recursos para administrar uma diocese localizada numa região carente no país?
Dom Severino – Temos a tendência de querer impor o nosso pensamento. Mas tive de me policiar muito para que isso não acontecesse, porque não está em jogo o meu  desejo, mas o de uma comunidade. Mas depois vi que estava em sintonia com o Documento de Aparecida e o nosso Plano Pastoral reflete isso: uma Igreja missionária - onde todas as pastorais e movimentos devem ser missionários -; uma Igreja formadora - onde todos os segmentos devem buscar a formação constante não somente padres e lideranças, mas também a base -; uma Igreja acolhedora, como a escolha do meu lema “Acolher e Cuidar”; e uma Igreja auto-sustentável. Essas dimensões já estão sendo trabalhadas em todas as pastorais. E aí, na auto-sustentação, o grande trabalho é conscientizar o povo da importância do dízimo, porque se cada diocesano der por mês R$ 1,00, a diocese não teria mais problemas financeiros. Sabemos que está longe de isso acontecer. Por quê? Porque não se evangelizou o suficiente, não se conscientizou, mesmo sendo uma região carente. A Igreja não é uma instituição lucrativa, mas ela precisa ter os meios necessários para cumprir o projeto de evangelização. Ela deve ser justa para honrar os compromissos junto à sociedade civil a quem serve. A própria Sagrada Escritura já oferece as bases para isso: ninguém é tão pobre que não tenha o que dar, nem tão rico que não possa receber. Segundo o Plano que temos “o gesto mais significativo da fé e pertença das heranças eternas é estar aberto para que a Igreja sirva o povo em nome de Deus e sustente as suas mais diversas atividades”.
Site Franciscanos – Há um potencial muito grande no campo das Comunicações?
Dom Severino – Sim. A Diocese tem um grande potencial nas mãos, com os veículos: TV, rádio, jornal e agora internet. Temos uma TV local, a TV Araçuaí, que produz um noticiário semanal (sextas feiras) de uma hora de duração, com reprise à noite, dando cerca de 85% de audiência na cidade. Há dias, que dependendo das manchetes, a cidade pára para ver o noticiário. Por quê? Porque jogamos o rosto das pessoas da cidade na TV. E o povo quer ver o seu rosto. Quanto à emissora de rádio, depois de vinte anos de luta de Dom Enzo para conseguir uma estação – ele já queria isso antes dos anos 90 –, conseguimos a liberação da documentação que estava em Brasília. Teremos uma rádio com alcance de 10 mil quilowatts, o que hoje em dia é muito difícil de conseguir.  Com o rádio, chegaremos em todo o Vale do Jequitinhonha. São instrumentos para a evangelização. Apesar das dificuldades que temos na área financeira, o sonho, o desejo de chegar lá, nos dão coragem para enfrentar os desafios. Quando vejo jovens recém-formados como o Hugo e a Francielle, que estão deixando a família na capital para viver no interior, percebo que não têm só uma motivação profissional por trás, mas têm Deus muito forte com eles. Eles escolheram a Igreja porque ela é a base deles.

Site Franciscanos – Em termos vocacionais, a Diocese vive um bom momento, pois o Sr. ordenará o sétimo sacerdote em menos de três anos?
Dom Severino – Diga-se de passagem, tive sorte, pois quando cheguei aqui eles já estavam praticamente formados. Mas devo confessar que o depoimento do Diácono Ari de Jesus (agora já ordenado presbítero) me emocionou muito (Frei Severino celebrou em Minas Novas, quando o diácono agradeceu ao bispo pelo apoio recebido). Isso porque trouxemos o Curso de Teologia para Araçuaí. Somos gratos pela formação que receberam na Diocese de Diamantina, mas optamos pela formação conforme a realidade da Diocese de Araçuaí. Temos um bom número de seminaristas no propedêutico, na filosofia e na teologia (em torno de 25 seminaristas no total). Até o momento ordenei 5 padres diocesanos e em abril mais dois diáconos serão ordenados presbíteros. É claro que o estilo da animação da Pastoral Vocacional na Diocese é o mesmo do meu tempo na Província da Imaculada.

Site Franciscanos – O Sr. trabalhou muitos anos na formação religiosa da Província da Imaculada. Como é sua relação com os padres da diocese?
Dom Severino - Existe uma relação muito positiva. O clero da Diocese é muito bom, trabalhador. Mas tem seu limite. O clero tinha um jeito de se relacionar com o bispo. O meu jeito é diferente. Por mais que queira ser próximo, tenho de entender que cada padre tem a sua história, tem seu costume, sua formação e seu jeito de ser. Então, às vezes, a gente peca porque acha que todos têm de ser iguais, ainda que tenham recebido a mesma formação. Mas não é assim. Cada um é cada um. Mas posso dar uma resposta maior e melhor a partir daqueles que eu formo. Então, a minha presença junto aos seminaristas vai criar uma nova relação. Contudo, tenho de cuidar para não criar cópias do bispo, porque um dia posso sair da Diocese e outro bispo poderá ter problemas. Então, a formação deve ser de padres para a Igreja, dentro da realidade de Araçuaí. Se conseguir realizar esse desafio, seja quem for o bispo, vai encontrar um clero preparado. Agora, gosto muito dos padres desta diocese e tenho um carinho grande por eles. É importante ter uma relação fraterna e de confiança, pois na sua paróquia, o padre está me representado. Eles são, vamos dizer assim, a extensão dos meus braços. O padre, na verdade, não é apenas um colaborador, mas alguém consagrado, ungido, com vocação definida no seu modo de ser e fazer. Então, desde modo, faz-se a diferença na formação e precisamos estar atentos a isso.
Site Franciscanos - Além dos sacerdotes, quantos religiosos tem a Diocese?
Dom Severino - Quando cheguei à Diocese, praticamente só haviam religiosas. Tinha os  franciscanos, mas eles saíram da região. Em meados de 2006 preguei um retiro para os frades (do Norte do Estado de Minas Gerais e do Sul da Bahia) da Província de Santa Cruz. Neste momento, eu os desafiei a voltar à Diocese de Araçuaí. Rezei e deixei por conta do Espírito Santo, do Provincial e de seu Definitório. Eles fizeram uma reunião e decidiram pela volta. Hoje há, novamente, uma fraternidade franciscana animando uma de nossas paróquias.  No mesmo ano, o provincial dos Lazaristas me ligou do Rio de Janeiro perguntando se eu aceitaria uma comunidade deles aqui. Disse: “isso é uma bênção!”. Hoje conto com mais essa fraternidade.
Além das irmãs residentes em nossa região, vieram outras irmãs franciscanas prestando seu testemunho e serviço na evangelização.  Não poderia deixar de mencionar que já iniciamos a constituição de uma animada fraternidade da OFS em Araçuaí.

Site Franciscanos - Como é hoje sua relação com a Província a que pertence?
Dom Severino - Sinto saudades da Província, principalmente quando recebo as "Comunicações", os boletins, vejo as notícias no site e rezo pelos frades aniversariantes na oração da manhã. Esse elo nunca perdemos. Eu continuo na Província e ela me deixou cumprir um pedido da Igreja, para servi-la num outro espaço de evangelização. Não é porque fiquei bispo que me desliguei da Província. O Ministro Geral deixou isso bem claro em Roma, no encontro da Ordem com bispos franciscanos de todo o mundo. Nós pertencemos à Ordem e se pertencemos a ela, pertencemos à província de origem. Acredito que isso fez um bem muito grande para diversos bispos franciscanos, porque é triste você ouvir dizer: "fulano não é mais da Província; ele é bispo". Se estivesse no território da Província, certamente estaria mais tempo com meus confrades.
Site Franciscanos – Essa boa relação o ajudou a trazer para a Diocese o projeto dos franciscanos pela eliminação da hanseníase?
Dom Severino – Não poderia ter sido melhor a visita de Frei Johannes (Bahlmann, coordenador do programa). Não tinha idéia da repercussão deste projeto. Você viu que hoje, na palestra para os agentes e professores do Projeto Cidadão Nota 10, o interesse das pessoas? Além disso, tomei conhecimento que os índices da hanseníase no Vale do Jequitinhonha e em regiões do Estado são altos. Além desse projeto, podemos fazer frente a outras epidemias na região, como a doença de Chagas. A Província pode ter certeza de que a Diocese de Araçuaí vai ser uma grande parceira. É um projeto pertinente para a ação evangelizadora. Temos quase mil comunidades na diocese e, junto com outros projetos, podemos formar multiplicadores para levar a informação da importância de se fazer o diagnóstico precoce da hanseníase. Estou aguardando o material para divulgar e fazer o povo conhecer toda a realidade e o que se deve fazer.
Site Franciscanos – Além de todos os trabalhos da Diocese, o Sr. também participa muito das ações do Regional Leste 2 da CNBB?
Dom Severino – Sim, são muitas as assembléias, reuniões, a agenda está cheia. No ano passado fui escolhido para ser o bispo de referência do Setor Juventude no Regional Leste 2. Agora fui escolhido entre os bispos para ser a referência da Comissão para o Laicato, Vida e Família. Estão nessa Comissão, a Pastoral Familiar, Juventude, Laicato, CEBs e Movimentos Eclesiais. Antes de terminar o ano, fui convidado para participar do MEB, Movimento de Educação de Base, um projeto de educação para alfabetizar o Norte e Nordeste do Brasil. O índice de analfabetos em nossa região é muito elevado.
Site Franciscanos


Um profeta em movimento




Dom José Maria Pires, arcebispo emérito de João Pessoa - Paraíba, residente em Belo Horizonte, publica o livro “Um profeta em movimento: Dom José Maria Pires desatando nós”, pela Editora O Lutador. 
Ele fez o lançamento dele em nossa cidade de Araçuaí, Diocese onde ele foi o terceiro bispo na década de 1960.
O evento foi realizado em Araçuaí, no refeitório do Colégio de Nazareth no dia 30/07/2011. Ocasião da realização da IX Assembleia Diocese de Pastoral, onde todos os representantes delegados de 25 Paróquias da Nossa Diocese. Foi um momento marcante para nós e para nossa Diocese.

Dom José Maria Pires, “Dom Zumbi”




“Discriminados em tudo” 
 Dom José Maria Pires, “Dom Zumbi”

Foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas
Dom José Maria Pires é um arcebispo diferente e seu apostolado em João Pessoa (PB) está rodeado de simbolismo. Negro, dom José ficou conhecido como dom Pelé; depois ganhou o dom Zumbi como apelido. Ao lado de Dom Hélder Câmara, lutou desde a década de 80 por uma igreja participativa, defendeu padres casados, índios e o respeito às raízes da cultura africana. Foi criticado dentro e for a da igreja por sua postura progressista. Nesta entrevista, dom Zumbi - aos 89 anos, sendo 50 como bispo da Igreja Católica - fala de negros, do Brasil preconceituoso e da exclusão dos quilombolas, causa encampada há mais de 20 anos. Hoje, dom Zumbi mora em Minas Gerais, sua terra natal.

Houve, mas não no estilo que os livros dizem. Sempre os negros lutaram pela libertação. Na época da escravatura, um negro que conseguia libertar-se logo ia trabalhar para libertar o outro. Quando eram três ou quatro formavam o quilombo para conseguir os recursos para libertar outros negros. Formavam, então, uma comunidade e então eles iam para aqueles morros inacessíveis e trabalhavam. Plantavam de tudo, desfiavam o algodão, faziam suas roupas, tiravam tanino da planta para tingir o algodão. Quando veio a libertação de 1888, o número de negros escravos era realmente pequeno e os quilombolas perpassavam o Brasil inteiro. A história não conta isso porque essa é a história do pobre, do pequeno e os livros não registram essas coisas. A gente tem que procurar, então, documento antigo - inclusive nas igrejas - de escravos que foram libertos e negros que foram batizados para a gente construir um pouco toda essa epopéia da luta dos negros pelo Brasil para a gente conseguir a libertação.
O Brasil tem uma dívida grande para com os negros.
A abolição mesmo, digo o decreto da Princesa Isabel, representou muito pouco para os negros. Primeiro porque o número de negros que ainda era escravo era relativamente pequeno. Segundo, porque o movimento de organização dos negros crescia cada vez mais. A libertação, ao invés de ajudar, em certo sentido atrapalhou. Ela, libertando os negros, criou alguns problemas: aqueles negros que eram de idade não tinham mais a quem recorrer. Ela libertou mais não deu terras, casa, patrimônio, não deu nada. Então, os antigos senhores não tinham obrigação para com eles. Aqueles negros velhos ficaram desvalidos. As crianças a mesma coisa. Foi preciso que os negros se organizassem, mas eles não tinham tanto recursos assim. Ou seja, só a libertação não representou para os negros no conjunto uma libertação ou um favor. 
Mais é claro. Até aquele decreto do Ventre Livre... O menino que nascia não era mais escravo. Então, como ele não era mais escravo, a dona da mãe do menino não tinha mais obrigação para com ele. Ela ia ser obrigada a cuidar do seu patrãozinho branco e o filho dela ficava coitado abandonado muitas vezes. Em certo sentido, os negros só sobreviveram porque realmente foram muito fortes e unidos, mas eles tiveram péssimas condições em todo o tempo. Vinham da África, eles não se conheciam e eram de tribos diferentes. Chegando o navio negreiro no Brasil, os portugueses misturavam tudo, todo mundo. Separavam filhos de pai, mãe e irmã, misturavam gente de todas as áreas. Os negros sobreviveram mesmo porque foram muito fortes.
Simplesmente, não discriminá-la como são discriminadas. O negro é discriminado em tudo. Não tem terras - aquelas terras que ficaram para os quilombos, são terras pequenas e pouco produtivas porque iam para as montanhas onde era mais inacessível e eles podiam se resguardar mais. Depois que veio o decreto da libertação, eles não receberam nada. Não tinha escola para ele. Então, o que seria necessário, é que houvesse mais uma integração social a partir do nascimento. 
Tudo junto. Os negros têm mostrado que têm condições de dar uma contribuição à sociedade. O negro não é superior a ninguém, mas também não é inferior. É diferente. Isso não se respeitou no Brasil. O que quis se fazer foi um branqueamento. Que o negro fosse vivendo como branco. Então, na escola tem que estudar como branco, na sociedade tem que se comportar como branco, na igreja tem que rezar como branco. Isso quando ele tem toda uma cultura que é própria do negro. Mas se essa cultura não foi respeitada, hoje deveria se respeitar toda essa identidade do povo negro. Seria alguma coisa a ser feita por todas as pessoas. Cabe ao governo, à sociedade. Mas, na medida que um desses setores por exemplo vão se abrindo, a sociedade vai sentindo a repercussão. Negro não podia ser religioso, não podia ser padre porque não tinha inteligência e etc.Na medida que alguns negros foram demonstrando capacidade, esses negros vão abrindo espaço. Hoje você vê esportes de países brancos como têm negros destacando-se. Então, na medida que a gente não fica só com as exceções, comprovamos que a raça negra tem condições. A sociedade não precisa dar privilégio nenhum ao negro, mas ela começa a abrir espaço para que os negros possam ter voz.
Grandes não. Substanciais tem havido. Por exemplo, na legislação, por não haver uma discriminação pelo fato de ser negro. Como nas igrejas..Você vê que em algumas congregações, no próprio estatuto, tinham cláusulas que proibiam pessoas de cor. Eu tinha uma irmã que queria ser religiosa e ela tentou cinco congregações e nenhuma delas queria receber. Diziam nosso estatuto não permitiam receber pessoa de cor. Afinal, ela foi recebida nas missionárias Jesus Crucificado, que é uma congregação que começou em São Paulo e que desde começo tinha duas classes. A classe das coristas, pessoas brancas que tinham título identitário; e classe das conversas, que eram as negras. Como minha irmã era negra e não tinha curso, só podia ser recebida como conversa. Quer dizer, aquele que iam para o trabalho, para a lavanderia, paras as compras, para a cozinha. A Igreja deu um passo porque antes não se recebia de forma nenhuma. Na sociedade, acontecia outra coisa: negro não podia freqüentar certas escolas. Em outros países, negros não entravam em alguns hotéis, restaurantes e foi Martin Luther King quem fez aquela revolução porque negros não andavam nos transportes. Então, quebraram essa lei. Então, na medida que as pessoas são edificadas pelo trabalho temos um progresso muito grande. 
Podemos estar próximos e podemos estar distantes. Não depende da cor, não. A gente tem diversos cardeais negros de países africanos. É possível que um dos cardeais negros seja eleito papa, mas não há nenhuma indicação nesse sentido.
Estou programado. O que ei de fazer? Quem me programou, programou 113 válidos. Depois pode caducar.
O que eu quero é continuar a lutar numa igreja cada vez mais laical e menos clerical. Porque a igreja é povo de Deus. Então, essa discussão é um negócio terrível. Na igreja todos são filhos de Deus, todos são tratados como gente, cada um deve seguir sua vocação e cada um tem de ter sua vocação como ela seja. Então, lutar por todo o tipo de discriminação dentro da igreja. Aliás, todas as discriminações religiosas. Por exemplo, eu luto pela discriminação que há contra a mulher. O evangelho de Jesus Cristo dá tantos sinais assim de que não faz distinção e a igreja faz. Aquilo que a mulher está fazendo muito na igreja só pode fazer quase que por falta do homem e não porque é quase um direito dela como cristã. Então, até eu chegar aos 113 anos quero continuar na luta para que a igreja seja cada vez mais laical - que em grego significa povo - e menos clerical - quase um grupo que manda e toma todas as decisões. Você vê as críticas de dom Hélder Câmara em nossos encontros em Roma. Ele dizia que na congregação dos religiosos, há muito mais religiosas que religiosos, no entanto para tomar qualquer decisão só homem tomam decisões. Esse tipo de coisa. A gente luta para que a igreja seja povo de Deus.
Amanhã estarei na Paraíba (estava em Minas no dia da entrevista) par aparticipar da missa de um padre que completa 60 anos de padre. De lá, vou para Areias, no brejo da Paraíba, onde vou abrir a novena da padroeira. Depois eu volto. Até os 113 será assim.
Quando temos oportunidade, sim. Todo ano, temos um encontro entre diáconos negros e nesse encontro a gente reza e reflete assim.
O que a gente vê, acima de tudo, é a alegria dos negros. Como esse pessoal, vivendo com tão poucos recursos consegue viver numa alegria tão grande. Depois, numa possibilidade de os pais tratarem tão bem os filhos. Entre os negros e índios, a criança tem um valor muito grande. Então, quando vai um quilombo a gente admira esses costumes que são próprios da cultura africana e que seria tão bom se a gente pudesse desenvolver em outras culturas.

Claro. Se o negro tem oportunidades, ele se desenvolve. Por exemplo, esses negros que são bons de bola, como se desenvolvem, compram prédios e têm uma vida de cidadão desenvolvidos. O que falta mesmo para eles são oportunidades. Não há. Você vê que criaram as cotas na universidades. Por enquanto, é um mal necessário. O ideal é que o negro tivesse desde o início condições de desenvolver suas capacidades, então ele iria competir de igual para igual que se candidatasse a uma universidade. Como o negro não esteve no começo, na escola elementar, essas oportunidades, é justo que se abra um espaço reservado para ele. Em tese, seria contra as cotas. O bom seria que a criança negra tivesse as mesmas oportunidades. Como ela não tem, não pode ter o mesmo desenvolvimento intelectual.

Só para encerrar, gostaria de saber sua opinião a respeito da eleição de Barack Obama, nos Estados Unidos. Ela repercute no Brasil e na luta nos negros aqui?Não só no Brasil. No mundo inteiro, mas vai depender de como ele vai se conduzir. Os primeiros passos, estão sendo muito bons. A minha maior surpresa é que num país tão racista como os EUA um negro possa ter chegado a essa posição de presente. A gente pensava que tinha toda a propaganda, mas na hora mesmo o que iria prevalecer era outra coisa. Não foi. A eleição dele foi um espetáculo. E acho que vai mudar muita coisa, se ele não for assassinado. A gente deseja muito que esse fato tão surpreendente possa ter êxodo e que abra condições para a superação de toda a discriminação.

Dom Zumbi, se o Sr. fosse presidente da República, o que faria para melhorar a vida dos negros e especialmente dos quilombolas?Aquilo que esperávamos que Lula fizesse e que ele fez em grande parte. A situação do povo no Brasil melhorou, mas esperávamos um pouco mais. Logo que o Lula foi eleito, nos primeiros meses de governo, esteve aqui o Frei Beto e eu fui falar com ele e disse que estava um tanto decepcionado pelo governo porque eu esperava que fosse um pouco diferente. Ao invés de distribuir bolsa, ajudasse quem tem projeto de trabalho. Ajudaria com terra para alguns, recursos para alguns começarem (não de graça, com um empréstimo a fundo perdido, sem juros) para que eles começarem a se organizando. Estão distribuindo bolsa família que é bom, mas não desperta a pessoa para trabalhar. Se eu recebo uma bolsa de tanto que me permite para fazer as despesas do mês, não vou me esforçar. Então, eu disse um dia para Frei Beto que eles deveriam seguir a teoria de Tancredo Neves. Quando ele foi eleito, perguntaram a ele: e a dívida, ele respondeu. Não se paga a dívida com a fome do povo. Honre as dívidas, mas primeiro vamos cuidar a fome do povo. Então, o único ponto negativo do governo Lula é que o governo não deu condições, força e poder para que o povo se organizasse.

FONTE: Diario de Pernambuco

gato

massagem

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Prece

SÁ LUIZA BENZEDEIRA

SÁ LUIZA BENZEDEIRA
FALECIDA EM 2001 AOS 107 ANOS

PROIBIDO FUMAR

mar como te quero

RUA GENTIL DE CASTRO

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RUA DE BAIXO

CAPELA SANTA CRUZ

CAPELA SANTA CRUZ
Iª CAPELA DE ARASSUAHY

NILTON CALHAU

NILTON  CALHAU
ARAÇUAÍ

mulher orando

Prece

ORAÇÃO DO ARTESÃO

"Senhor! Tu que és maior dos artistas, fonte das mais belas inspirações. Abençoa meu talento e as minhas obras.

Maravilhoso é o dom que me deste, na louvada missão de servir-te com
alegria, e de exercer meu trabalho com amor e dedicação. Por isso,
agradeço-te por permanecer sempre comigo.

Dá-me o equilíbrio entre a razão e a emoção, humildade e sabedoria para me aperfeiçoar.

Inspira-me, ó Mestre, a criação do novo e do belo. Protege também, todos os artesãos e os artistas em suas carreiras e gêneros.

Faze com que minhas obras contribuam para a construção do teu reino,
e que eu prospere, seguindo teus desígnios, pelos caminhos gloriosos da
arte.

Amém!"

VISTA DIOCESE

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IGREJA CATEDRAL

IGREJA SENHOR DA BOA VIDA

IGREJA  SENHOR DA BOA VIDA
NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

ESCRAVOS

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NILTON

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CARICATURA DA ZEFA ARTESÃ

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ENCHENTE DE 1979

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CASA DA ZEFA ARTESÃ-2013

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BAHIMINAS EM 1942

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de terapêutica é a melhor ferramenta para o crescimento pessoal e
espiritual.
Preste muita atenção: aprendendo a meditar você descobre a diferença
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segura e objetiva. Com a meditação você cura seu corpo, melhora a
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pessoa
mais disposta e produtiva, mais agradável e serena. A forma de
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