Frade franciscano da Província da Imaculada Conceição, Frei Severino Clasen surpreendeu seus confrades e os paroquianos (as) em 2005, quando se tornou o primeiro bispo nomeado pelo Papa Bento 16. Seu destino: a Diocese de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Próximo de completar o seu primeiro triênio como bispo, Dom Severino não mudou muito em relação àquele frade que estava sempre presente nas obras sociais do Serviço Franciscano | ||||
A Cúria ou residência do Bispo foi construída ao lado da Catedral de São José e está junto de um grande Centro Pastoral. Apenas ele e Dom Enzo Rinaldini, bispo emérito, vivem na Cúria. Para quem vivia em fraternidade, Dom Severino admite que sente falta do convívio com seus confrades, mas ressalta o bom relacionamento que tem com Dom Enzo: “Ele é muito fraterno”! Para ele, solidão é uma palavra que não existe no seu vocabulário e garante que a oração e a espiritualidade franciscana dão forças na nova missão.
Por Moacir Beggo
Site Franciscanos – Próximo de completar o seu primeiro triênio como bispo na Diocese de Araçuaí, o Sr. já pode dizer que conhece bem “o seu rebanho”?
Dom Severino - Em parte, porque a Diocese é muito grande. Ela tem 23 mil quilômetros quadrados e o acesso a todas às localidades se torna mais difícil. Para se conhecer “o rebanho” e ter essa proximidade, é preciso ir às comunidades, que na nossa diocese são 986. De certa forma, posso dizer que já deu para conhecer bem este povo, que é muito religioso e tem sede de algo novo.
Site Franciscanos – Como o Sr. define ou apresenta a Diocese de Araçuaí no Vale do Jequitinhonha?
Dom Severino – Há uma imagem que se criou de associar o Vale do Jequitinhonha ao "vale da miséria", onde povo vive das pequenas plantações, chegando a passar fome e sofrimento nos períodos de seca. Não deixa de ser uma região carente, como muitas deste país, mas o Vale real é muito maior e rico, principalmente em se tratando do povo, que tem muita sensibilidade religiosa, possui um potencial riquíssimo na área cultural, especialmente ligado à cultura negra e indígena. São conhecidos os artesanatos da região, principalmente os trabalhos de tecelagem, cerâmica, esculturas em madeira, trabalhos em couro, sem se esquecer da música, principalmente dos corais de crianças (o Coral Meninos de Araçuaí tem como padrinho Milton Nascimento). É um povo que tem uma percepção humana muito grande, que convive em harmonia, respeito e solidariedade. Infelizmente, hoje, o índice de criminalidade também cresceu na região, com o advento das drogas e do tráfico. Mas, no geral, o povo é pacífico.
Site Franciscanos - Como se sente o Frei Severino depois de três anos como bispo?
Dom Severino - Quando ouço a palavra “bispo” nem sempre associo a mim. Acho que a mitra ainda não assentou na minha cabeça (risos). Quando vou celebrar, às vezes, esqueço de que sou um bispo. Mas o povo não gosta, pois ele quer ver o bispo. Penso que se a figura do bispo se torna próxima, há um encantamento maior do povo por ele. Quando cheguei aqui, senti uma acolhida muito grande e rápida, tanto por parte dos setores da Igreja, ou da Diocese, assim como da sociedade. E isso é bom diante do peso da minha missão. Por outro lado, isso me obriga a cultivar, mais do que antes, a minha espiritualidade, a minha fé, para ter clareza desta missão e de como prestar contas à Igreja e à Deus. Por isso, no final da tarde, bem no horário do Ângelus, eu sento aqui na varanda, de onde posso ver toda a cidade, e faço as minhas orações. A salmodia, a meditação do terço, fazem esquecer os problemas do dia e me fortalecem na missão que Deus me deu. Sinto-me muito bem assim.
Site Franciscanos – Não há espaço para a solidão vivendo sozinho como bispo?Dom Severino – A oração elimina, por exemplo, o perigo da solidão, que traz o tédio e a tristeza. Além disso, sou um tipo de muita atividade. Aprendi a me ocupar bem. Nessa ocupação, a expressão mais linda da vida é estar bem na vocação que Deus me deu.
Dom Severino - Em parte, porque a Diocese é muito grande. Ela tem 23 mil quilômetros quadrados e o acesso a todas às localidades se torna mais difícil. Para se conhecer “o rebanho” e ter essa proximidade, é preciso ir às comunidades, que na nossa diocese são 986. De certa forma, posso dizer que já deu para conhecer bem este povo, que é muito religioso e tem sede de algo novo.
Site Franciscanos – Como o Sr. define ou apresenta a Diocese de Araçuaí no Vale do Jequitinhonha?
Dom Severino – Há uma imagem que se criou de associar o Vale do Jequitinhonha ao "vale da miséria", onde povo vive das pequenas plantações, chegando a passar fome e sofrimento nos períodos de seca. Não deixa de ser uma região carente, como muitas deste país, mas o Vale real é muito maior e rico, principalmente em se tratando do povo, que tem muita sensibilidade religiosa, possui um potencial riquíssimo na área cultural, especialmente ligado à cultura negra e indígena. São conhecidos os artesanatos da região, principalmente os trabalhos de tecelagem, cerâmica, esculturas em madeira, trabalhos em couro, sem se esquecer da música, principalmente dos corais de crianças (o Coral Meninos de Araçuaí tem como padrinho Milton Nascimento). É um povo que tem uma percepção humana muito grande, que convive em harmonia, respeito e solidariedade. Infelizmente, hoje, o índice de criminalidade também cresceu na região, com o advento das drogas e do tráfico. Mas, no geral, o povo é pacífico.
Site Franciscanos - Como se sente o Frei Severino depois de três anos como bispo?
Dom Severino - Quando ouço a palavra “bispo” nem sempre associo a mim. Acho que a mitra ainda não assentou na minha cabeça (risos). Quando vou celebrar, às vezes, esqueço de que sou um bispo. Mas o povo não gosta, pois ele quer ver o bispo. Penso que se a figura do bispo se torna próxima, há um encantamento maior do povo por ele. Quando cheguei aqui, senti uma acolhida muito grande e rápida, tanto por parte dos setores da Igreja, ou da Diocese, assim como da sociedade. E isso é bom diante do peso da minha missão. Por outro lado, isso me obriga a cultivar, mais do que antes, a minha espiritualidade, a minha fé, para ter clareza desta missão e de como prestar contas à Igreja e à Deus. Por isso, no final da tarde, bem no horário do Ângelus, eu sento aqui na varanda, de onde posso ver toda a cidade, e faço as minhas orações. A salmodia, a meditação do terço, fazem esquecer os problemas do dia e me fortalecem na missão que Deus me deu. Sinto-me muito bem assim.
Site Franciscanos – Não há espaço para a solidão vivendo sozinho como bispo?Dom Severino – A oração elimina, por exemplo, o perigo da solidão, que traz o tédio e a tristeza. Além disso, sou um tipo de muita atividade. Aprendi a me ocupar bem. Nessa ocupação, a expressão mais linda da vida é estar bem na vocação que Deus me deu.
Site Franciscanos – Como foi assumir pela primeira vez uma Diocese e logo de cara se ver na condição de diretor-presidente de um hospital prestes a fechar as portas?
Dom Severino - Quando era pároco em Porto União (SC) fui provedor de um hospital. Mas lá não haviam problemas de ordem financeira. Aqui tivemos de iniciar do zero o gerenciamento, em todos os aspectos, para reverter o quadro de falência. A começar pelo público-alvo, que tem uma idéia equivocada sobre o uso do hospital – aqui, com qualquer dorzinha de cabeça corre-se para o hospital -, passando pela questão política (reduto eleitoreiro), pelo quadro de funcionários; pelo corpo clínico, havia uma desintegração daquilo que é a vocação de instituição hospitalar. Esse tipo de instituição não é um negócio, mas é um espaço para se cuidar do ser humano, desde o nascimento até a morte natural. O hospital tem essa função: cuidar e curar. Ele acolhe porque alguém está doente e não para fazer um atendimento ambulatorial. Para isso, existem os postos de saúde. Criou-se a mentalidade de que para tudo tem de ser no hospital. E aí está o grande desafio na área de gerenciamento, porque gerenciar uma empresa é uma coisa, gerenciar um hospital é outra bem diferente.
Site Franciscanos – Mas se o Sr. quisesse, poderia abrir mão desta função?
Dom Severino – Sim, mas é preciso lembrar que o hospital é a única referência do Regional para o povo. Tenho em mente a passagem do Evangelho: “eu estive doente e me visitaste”. Isso bate na consciência da gente. Então, o foco não é só uma instituição, mas o ser humano que está no centro de uma situação de crise. Ainda mais em se tratando de uma região carente. Recentemente, quando participava de uma reunião, alguns diretores disseram que não desistiram porque viram que o Provedor tinha coragem para mudar. Hoje, eles também sentem orgulho disso. Essa é a função do pastor: cuidar da ovelha.
Site Franciscanos – Além do hospital, quais os desafios maiores de sua Diocese?
Dom Severino – O gerenciamento, como no hospital, vale também para a Diocese. Nós, como estrutura de Igreja, aprendemos a fazer os pacotes de pastorais, onde temos um "pool" de atividades, mas se você olhar bem não há evangelização nenhuma, porque cada um quer fazer o seu serviço isoladamente. Ironicamente, onde mais se fala em comunidade, não há uma visão de conjunto da Igreja. O ser humano não é a referência, mas se buscam atividades esporádicas, onde cada um quer autoprojeção, etc. Isso tem de ser superado. A animação de uma Diocese também precisa ter os princípios básicos como gerenciamento de uma empresa. Você precisa ter bem claro qual é a missão. Bem claro qual é a missão da nossa Igreja. A empresa também precisa disso. Também tem de ter bem claro quais são os objetivos, as estratégias, os valores para alcançar essa missão. Quais são os pontos fortes e fracos? Quanto custa? Aqui, nunca se perguntou quanto custa. Então, peguei uma diocese com uma receita de 25% e uma despesa de 75%. Por isso comecei a gritar muito antes de ficarmos totalmente falidos. Por causa disso, houve críticas pelo fato de o bispo falar em dinheiro. Aí tive de trabalhar essa questão. Este é o desafio e ele será superado quando nós entendermos o que é a evangelização, que a animação das pastorais deve ter um trabalho mais integrado, que o ser humano é a prioridade na diocese e que nossa referência é eterna e nunca se esgota: o Reino de Deus. Para isso, é preciso preparar os padres visando este trabalho conjunto. A gente sente essa carência de lideranças. Para mim, foi muito importante a experiência que fiz no Sefras (Serviço Franciscano de Solidariedade) e com os metanóicos (www.cempre.net) para ter uma base e chegar aqui com uma visão diferenciada.
Site Franciscanos – Como ter recursos para administrar uma diocese localizada numa região carente no país?
Dom Severino – Temos a tendência de querer impor o nosso pensamento. Mas tive de me policiar muito para que isso não acontecesse, porque não está em jogo o meu desejo, mas o de uma comunidade. Mas depois vi que estava em sintonia com o Documento de Aparecida e o nosso Plano Pastoral reflete isso: uma Igreja missionária - onde todas as pastorais e movimentos devem ser missionários -; uma Igreja formadora - onde todos os segmentos devem buscar a formação constante não somente padres e lideranças, mas também a base -; uma Igreja acolhedora, como a escolha do meu lema “Acolher e Cuidar”; e uma Igreja auto-sustentável. Essas dimensões já estão sendo trabalhadas em todas as pastorais. E aí, na auto-sustentação, o grande trabalho é conscientizar o povo da importância do dízimo, porque se cada diocesano der por mês R$ 1,00, a diocese não teria mais problemas financeiros. Sabemos que está longe de isso acontecer. Por quê? Porque não se evangelizou o suficiente, não se conscientizou, mesmo sendo uma região carente. A Igreja não é uma instituição lucrativa, mas ela precisa ter os meios necessários para cumprir o projeto de evangelização. Ela deve ser justa para honrar os compromissos junto à sociedade civil a quem serve. A própria Sagrada Escritura já oferece as bases para isso: ninguém é tão pobre que não tenha o que dar, nem tão rico que não possa receber. Segundo o Plano que temos “o gesto mais significativo da fé e pertença das heranças eternas é estar aberto para que a Igreja sirva o povo em nome de Deus e sustente as suas mais diversas atividades”.
Site Franciscanos – Há um potencial muito grande no campo das Comunicações?Dom Severino – Temos a tendência de querer impor o nosso pensamento. Mas tive de me policiar muito para que isso não acontecesse, porque não está em jogo o meu desejo, mas o de uma comunidade. Mas depois vi que estava em sintonia com o Documento de Aparecida e o nosso Plano Pastoral reflete isso: uma Igreja missionária - onde todas as pastorais e movimentos devem ser missionários -; uma Igreja formadora - onde todos os segmentos devem buscar a formação constante não somente padres e lideranças, mas também a base -; uma Igreja acolhedora, como a escolha do meu lema “Acolher e Cuidar”; e uma Igreja auto-sustentável. Essas dimensões já estão sendo trabalhadas em todas as pastorais. E aí, na auto-sustentação, o grande trabalho é conscientizar o povo da importância do dízimo, porque se cada diocesano der por mês R$ 1,00, a diocese não teria mais problemas financeiros. Sabemos que está longe de isso acontecer. Por quê? Porque não se evangelizou o suficiente, não se conscientizou, mesmo sendo uma região carente. A Igreja não é uma instituição lucrativa, mas ela precisa ter os meios necessários para cumprir o projeto de evangelização. Ela deve ser justa para honrar os compromissos junto à sociedade civil a quem serve. A própria Sagrada Escritura já oferece as bases para isso: ninguém é tão pobre que não tenha o que dar, nem tão rico que não possa receber. Segundo o Plano que temos “o gesto mais significativo da fé e pertença das heranças eternas é estar aberto para que a Igreja sirva o povo em nome de Deus e sustente as suas mais diversas atividades”.
Dom Severino – Sim. A Diocese tem um grande potencial nas mãos, com os veículos: TV, rádio, jornal e agora internet. Temos uma TV local, a TV Araçuaí, que produz um noticiário semanal (sextas feiras) de uma hora de duração, com reprise à noite, dando cerca de 85% de audiência na cidade. Há dias, que dependendo das manchetes, a cidade pára para ver o noticiário. Por quê? Porque jogamos o rosto das pessoas da cidade na TV. E o povo quer ver o seu rosto. Quanto à emissora de rádio, depois de vinte anos de luta de Dom Enzo para conseguir uma estação – ele já queria isso antes dos anos 90 –, conseguimos a liberação da documentação que estava em Brasília. Teremos uma rádio com alcance de 10 mil quilowatts, o que hoje em dia é muito difícil de conseguir. Com o rádio, chegaremos em todo o Vale do Jequitinhonha. São instrumentos para a evangelização. Apesar das dificuldades que temos na área financeira, o sonho, o desejo de chegar lá, nos dão coragem para enfrentar os desafios. Quando vejo jovens recém-formados como o Hugo e a Francielle, que estão deixando a família na capital para viver no interior, percebo que não têm só uma motivação profissional por trás, mas têm Deus muito forte com eles. Eles escolheram a Igreja porque ela é a base deles.
Site Franciscanos – Em termos vocacionais, a Diocese vive um bom momento, pois o Sr. ordenará o sétimo sacerdote em menos de três anos?
Dom Severino – Diga-se de passagem, tive sorte, pois quando cheguei aqui eles já estavam praticamente formados. Mas devo confessar que o depoimento do Diácono Ari de Jesus (agora já ordenado presbítero) me emocionou muito (Frei Severino celebrou em Minas Novas, quando o diácono agradeceu ao bispo pelo apoio recebido). Isso porque trouxemos o Curso de Teologia para Araçuaí. Somos gratos pela formação que receberam na Diocese de Diamantina, mas optamos pela formação conforme a realidade da Diocese de Araçuaí. Temos um bom número de seminaristas no propedêutico, na filosofia e na teologia (em torno de 25 seminaristas no total). Até o momento ordenei 5 padres diocesanos e em abril mais dois diáconos serão ordenados presbíteros. É claro que o estilo da animação da Pastoral Vocacional na Diocese é o mesmo do meu tempo na Província da Imaculada.
Site Franciscanos – O Sr. trabalhou muitos anos na formação religiosa da Província da Imaculada. Como é sua relação com os padres da diocese?
Dom Severino - Existe uma relação muito positiva. O clero da Diocese é muito bom, trabalhador. Mas tem seu limite. O clero tinha um jeito de se relacionar com o bispo. O meu jeito é diferente. Por mais que queira ser próximo, tenho de entender que cada padre tem a sua história, tem seu costume, sua formação e seu jeito de ser. Então, às vezes, a gente peca porque acha que todos têm de ser iguais, ainda que tenham recebido a mesma formação. Mas não é assim. Cada um é cada um. Mas posso dar uma resposta maior e melhor a partir daqueles que eu formo. Então, a minha presença junto aos seminaristas vai criar uma nova relação. Contudo, tenho de cuidar para não criar cópias do bispo, porque um dia posso sair da Diocese e outro bispo poderá ter problemas. Então, a formação deve ser de padres para a Igreja, dentro da realidade de Araçuaí. Se conseguir realizar esse desafio, seja quem for o bispo, vai encontrar um clero preparado. Agora, gosto muito dos padres desta diocese e tenho um carinho grande por eles. É importante ter uma relação fraterna e de confiança, pois na sua paróquia, o padre está me representado. Eles são, vamos dizer assim, a extensão dos meus braços. O padre, na verdade, não é apenas um colaborador, mas alguém consagrado, ungido, com vocação definida no seu modo de ser e fazer. Então, desde modo, faz-se a diferença na formação e precisamos estar atentos a isso.
Dom Severino – Diga-se de passagem, tive sorte, pois quando cheguei aqui eles já estavam praticamente formados. Mas devo confessar que o depoimento do Diácono Ari de Jesus (agora já ordenado presbítero) me emocionou muito (Frei Severino celebrou em Minas Novas, quando o diácono agradeceu ao bispo pelo apoio recebido). Isso porque trouxemos o Curso de Teologia para Araçuaí. Somos gratos pela formação que receberam na Diocese de Diamantina, mas optamos pela formação conforme a realidade da Diocese de Araçuaí. Temos um bom número de seminaristas no propedêutico, na filosofia e na teologia (em torno de 25 seminaristas no total). Até o momento ordenei 5 padres diocesanos e em abril mais dois diáconos serão ordenados presbíteros. É claro que o estilo da animação da Pastoral Vocacional na Diocese é o mesmo do meu tempo na Província da Imaculada.
Site Franciscanos – O Sr. trabalhou muitos anos na formação religiosa da Província da Imaculada. Como é sua relação com os padres da diocese?
Dom Severino - Existe uma relação muito positiva. O clero da Diocese é muito bom, trabalhador. Mas tem seu limite. O clero tinha um jeito de se relacionar com o bispo. O meu jeito é diferente. Por mais que queira ser próximo, tenho de entender que cada padre tem a sua história, tem seu costume, sua formação e seu jeito de ser. Então, às vezes, a gente peca porque acha que todos têm de ser iguais, ainda que tenham recebido a mesma formação. Mas não é assim. Cada um é cada um. Mas posso dar uma resposta maior e melhor a partir daqueles que eu formo. Então, a minha presença junto aos seminaristas vai criar uma nova relação. Contudo, tenho de cuidar para não criar cópias do bispo, porque um dia posso sair da Diocese e outro bispo poderá ter problemas. Então, a formação deve ser de padres para a Igreja, dentro da realidade de Araçuaí. Se conseguir realizar esse desafio, seja quem for o bispo, vai encontrar um clero preparado. Agora, gosto muito dos padres desta diocese e tenho um carinho grande por eles. É importante ter uma relação fraterna e de confiança, pois na sua paróquia, o padre está me representado. Eles são, vamos dizer assim, a extensão dos meus braços. O padre, na verdade, não é apenas um colaborador, mas alguém consagrado, ungido, com vocação definida no seu modo de ser e fazer. Então, desde modo, faz-se a diferença na formação e precisamos estar atentos a isso.
Site Franciscanos - Além dos sacerdotes, quantos religiosos tem a Diocese?
Dom Severino - Quando cheguei à Diocese, praticamente só haviam religiosas. Tinha os franciscanos, mas eles saíram da região. Em meados de 2006 preguei um retiro para os frades (do Norte do Estado de Minas Gerais e do Sul da Bahia) da Província de Santa Cruz. Neste momento, eu os desafiei a voltar à Diocese de Araçuaí. Rezei e deixei por conta do Espírito Santo, do Provincial e de seu Definitório. Eles fizeram uma reunião e decidiram pela volta. Hoje há, novamente, uma fraternidade franciscana animando uma de nossas paróquias. No mesmo ano, o provincial dos Lazaristas me ligou do Rio de Janeiro perguntando se eu aceitaria uma comunidade deles aqui. Disse: “isso é uma bênção!”. Hoje conto com mais essa fraternidade.
Além das irmãs residentes em nossa região, vieram outras irmãs franciscanas prestando seu testemunho e serviço na evangelização. Não poderia deixar de mencionar que já iniciamos a constituição de uma animada fraternidade da OFS em Araçuaí.
Site Franciscanos - Como é hoje sua relação com a Província a que pertence?
Dom Severino - Sinto saudades da Província, principalmente quando recebo as "Comunicações", os boletins, vejo as notícias no site e rezo pelos frades aniversariantes na oração da manhã. Esse elo nunca perdemos. Eu continuo na Província e ela me deixou cumprir um pedido da Igreja, para servi-la num outro espaço de evangelização. Não é porque fiquei bispo que me desliguei da Província. O Ministro Geral deixou isso bem claro em Roma, no encontro da Ordem com bispos franciscanos de todo o mundo. Nós pertencemos à Ordem e se pertencemos a ela, pertencemos à província de origem. Acredito que isso fez um bem muito grande para diversos bispos franciscanos, porque é triste você ouvir dizer: "fulano não é mais da Província; ele é bispo". Se estivesse no território da Província, certamente estaria mais tempo com meus confrades.
Dom Severino - Quando cheguei à Diocese, praticamente só haviam religiosas. Tinha os franciscanos, mas eles saíram da região. Em meados de 2006 preguei um retiro para os frades (do Norte do Estado de Minas Gerais e do Sul da Bahia) da Província de Santa Cruz. Neste momento, eu os desafiei a voltar à Diocese de Araçuaí. Rezei e deixei por conta do Espírito Santo, do Provincial e de seu Definitório. Eles fizeram uma reunião e decidiram pela volta. Hoje há, novamente, uma fraternidade franciscana animando uma de nossas paróquias. No mesmo ano, o provincial dos Lazaristas me ligou do Rio de Janeiro perguntando se eu aceitaria uma comunidade deles aqui. Disse: “isso é uma bênção!”. Hoje conto com mais essa fraternidade.
Além das irmãs residentes em nossa região, vieram outras irmãs franciscanas prestando seu testemunho e serviço na evangelização. Não poderia deixar de mencionar que já iniciamos a constituição de uma animada fraternidade da OFS em Araçuaí.
Site Franciscanos - Como é hoje sua relação com a Província a que pertence?
Dom Severino - Sinto saudades da Província, principalmente quando recebo as "Comunicações", os boletins, vejo as notícias no site e rezo pelos frades aniversariantes na oração da manhã. Esse elo nunca perdemos. Eu continuo na Província e ela me deixou cumprir um pedido da Igreja, para servi-la num outro espaço de evangelização. Não é porque fiquei bispo que me desliguei da Província. O Ministro Geral deixou isso bem claro em Roma, no encontro da Ordem com bispos franciscanos de todo o mundo. Nós pertencemos à Ordem e se pertencemos a ela, pertencemos à província de origem. Acredito que isso fez um bem muito grande para diversos bispos franciscanos, porque é triste você ouvir dizer: "fulano não é mais da Província; ele é bispo". Se estivesse no território da Província, certamente estaria mais tempo com meus confrades.
Site Franciscanos – Essa boa relação o ajudou a trazer para a Diocese o projeto dos franciscanos pela eliminação da hanseníase?
Dom Severino – Não poderia ter sido melhor a visita de Frei Johannes (Bahlmann, coordenador do programa). Não tinha idéia da repercussão deste projeto. Você viu que hoje, na palestra para os agentes e professores do Projeto Cidadão Nota 10, o interesse das pessoas? Além disso, tomei conhecimento que os índices da hanseníase no Vale do Jequitinhonha e em regiões do Estado são altos. Além desse projeto, podemos fazer frente a outras epidemias na região, como a doença de Chagas. A Província pode ter certeza de que a Diocese de Araçuaí vai ser uma grande parceira. É um projeto pertinente para a ação evangelizadora. Temos quase mil comunidades na diocese e, junto com outros projetos, podemos formar multiplicadores para levar a informação da importância de se fazer o diagnóstico precoce da hanseníase. Estou aguardando o material para divulgar e fazer o povo conhecer toda a realidade e o que se deve fazer.
Site Franciscanos – Além de todos os trabalhos da Diocese, o Sr. também participa muito das ações do Regional Leste 2 da CNBB?Dom Severino – Não poderia ter sido melhor a visita de Frei Johannes (Bahlmann, coordenador do programa). Não tinha idéia da repercussão deste projeto. Você viu que hoje, na palestra para os agentes e professores do Projeto Cidadão Nota 10, o interesse das pessoas? Além disso, tomei conhecimento que os índices da hanseníase no Vale do Jequitinhonha e em regiões do Estado são altos. Além desse projeto, podemos fazer frente a outras epidemias na região, como a doença de Chagas. A Província pode ter certeza de que a Diocese de Araçuaí vai ser uma grande parceira. É um projeto pertinente para a ação evangelizadora. Temos quase mil comunidades na diocese e, junto com outros projetos, podemos formar multiplicadores para levar a informação da importância de se fazer o diagnóstico precoce da hanseníase. Estou aguardando o material para divulgar e fazer o povo conhecer toda a realidade e o que se deve fazer.
Dom Severino – Sim, são muitas as assembléias, reuniões, a agenda está cheia. No ano passado fui escolhido para ser o bispo de referência do Setor Juventude no Regional Leste 2. Agora fui escolhido entre os bispos para ser a referência da Comissão para o Laicato, Vida e Família. Estão nessa Comissão, a Pastoral Familiar, Juventude, Laicato, CEBs e Movimentos Eclesiais. Antes de terminar o ano, fui convidado para participar do MEB, Movimento de Educação de Base, um projeto de educação para alfabetizar o Norte e Nordeste do Brasil. O índice de analfabetos em nossa região é muito elevado.
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