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EM BREVE UMA PROGRAMAÇÃO QUE TOCARÁ NO FUNDO DO SEU CORAÇÃO

Posted by Nilton Professor Ribeiro on Quarta, 17 de junho de 2015

domingo, 31 de julho de 2011

Dom José Maria Pires, “Dom Zumbi”




“Discriminados em tudo” 
 Dom José Maria Pires, “Dom Zumbi”

Foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas
Dom José Maria Pires é um arcebispo diferente e seu apostolado em João Pessoa (PB) está rodeado de simbolismo. Negro, dom José ficou conhecido como dom Pelé; depois ganhou o dom Zumbi como apelido. Ao lado de Dom Hélder Câmara, lutou desde a década de 80 por uma igreja participativa, defendeu padres casados, índios e o respeito às raízes da cultura africana. Foi criticado dentro e for a da igreja por sua postura progressista. Nesta entrevista, dom Zumbi - aos 89 anos, sendo 50 como bispo da Igreja Católica - fala de negros, do Brasil preconceituoso e da exclusão dos quilombolas, causa encampada há mais de 20 anos. Hoje, dom Zumbi mora em Minas Gerais, sua terra natal.

Houve, mas não no estilo que os livros dizem. Sempre os negros lutaram pela libertação. Na época da escravatura, um negro que conseguia libertar-se logo ia trabalhar para libertar o outro. Quando eram três ou quatro formavam o quilombo para conseguir os recursos para libertar outros negros. Formavam, então, uma comunidade e então eles iam para aqueles morros inacessíveis e trabalhavam. Plantavam de tudo, desfiavam o algodão, faziam suas roupas, tiravam tanino da planta para tingir o algodão. Quando veio a libertação de 1888, o número de negros escravos era realmente pequeno e os quilombolas perpassavam o Brasil inteiro. A história não conta isso porque essa é a história do pobre, do pequeno e os livros não registram essas coisas. A gente tem que procurar, então, documento antigo - inclusive nas igrejas - de escravos que foram libertos e negros que foram batizados para a gente construir um pouco toda essa epopéia da luta dos negros pelo Brasil para a gente conseguir a libertação.
O Brasil tem uma dívida grande para com os negros.
A abolição mesmo, digo o decreto da Princesa Isabel, representou muito pouco para os negros. Primeiro porque o número de negros que ainda era escravo era relativamente pequeno. Segundo, porque o movimento de organização dos negros crescia cada vez mais. A libertação, ao invés de ajudar, em certo sentido atrapalhou. Ela, libertando os negros, criou alguns problemas: aqueles negros que eram de idade não tinham mais a quem recorrer. Ela libertou mais não deu terras, casa, patrimônio, não deu nada. Então, os antigos senhores não tinham obrigação para com eles. Aqueles negros velhos ficaram desvalidos. As crianças a mesma coisa. Foi preciso que os negros se organizassem, mas eles não tinham tanto recursos assim. Ou seja, só a libertação não representou para os negros no conjunto uma libertação ou um favor. 
Mais é claro. Até aquele decreto do Ventre Livre... O menino que nascia não era mais escravo. Então, como ele não era mais escravo, a dona da mãe do menino não tinha mais obrigação para com ele. Ela ia ser obrigada a cuidar do seu patrãozinho branco e o filho dela ficava coitado abandonado muitas vezes. Em certo sentido, os negros só sobreviveram porque realmente foram muito fortes e unidos, mas eles tiveram péssimas condições em todo o tempo. Vinham da África, eles não se conheciam e eram de tribos diferentes. Chegando o navio negreiro no Brasil, os portugueses misturavam tudo, todo mundo. Separavam filhos de pai, mãe e irmã, misturavam gente de todas as áreas. Os negros sobreviveram mesmo porque foram muito fortes.
Simplesmente, não discriminá-la como são discriminadas. O negro é discriminado em tudo. Não tem terras - aquelas terras que ficaram para os quilombos, são terras pequenas e pouco produtivas porque iam para as montanhas onde era mais inacessível e eles podiam se resguardar mais. Depois que veio o decreto da libertação, eles não receberam nada. Não tinha escola para ele. Então, o que seria necessário, é que houvesse mais uma integração social a partir do nascimento. 
Tudo junto. Os negros têm mostrado que têm condições de dar uma contribuição à sociedade. O negro não é superior a ninguém, mas também não é inferior. É diferente. Isso não se respeitou no Brasil. O que quis se fazer foi um branqueamento. Que o negro fosse vivendo como branco. Então, na escola tem que estudar como branco, na sociedade tem que se comportar como branco, na igreja tem que rezar como branco. Isso quando ele tem toda uma cultura que é própria do negro. Mas se essa cultura não foi respeitada, hoje deveria se respeitar toda essa identidade do povo negro. Seria alguma coisa a ser feita por todas as pessoas. Cabe ao governo, à sociedade. Mas, na medida que um desses setores por exemplo vão se abrindo, a sociedade vai sentindo a repercussão. Negro não podia ser religioso, não podia ser padre porque não tinha inteligência e etc.Na medida que alguns negros foram demonstrando capacidade, esses negros vão abrindo espaço. Hoje você vê esportes de países brancos como têm negros destacando-se. Então, na medida que a gente não fica só com as exceções, comprovamos que a raça negra tem condições. A sociedade não precisa dar privilégio nenhum ao negro, mas ela começa a abrir espaço para que os negros possam ter voz.
Grandes não. Substanciais tem havido. Por exemplo, na legislação, por não haver uma discriminação pelo fato de ser negro. Como nas igrejas..Você vê que em algumas congregações, no próprio estatuto, tinham cláusulas que proibiam pessoas de cor. Eu tinha uma irmã que queria ser religiosa e ela tentou cinco congregações e nenhuma delas queria receber. Diziam nosso estatuto não permitiam receber pessoa de cor. Afinal, ela foi recebida nas missionárias Jesus Crucificado, que é uma congregação que começou em São Paulo e que desde começo tinha duas classes. A classe das coristas, pessoas brancas que tinham título identitário; e classe das conversas, que eram as negras. Como minha irmã era negra e não tinha curso, só podia ser recebida como conversa. Quer dizer, aquele que iam para o trabalho, para a lavanderia, paras as compras, para a cozinha. A Igreja deu um passo porque antes não se recebia de forma nenhuma. Na sociedade, acontecia outra coisa: negro não podia freqüentar certas escolas. Em outros países, negros não entravam em alguns hotéis, restaurantes e foi Martin Luther King quem fez aquela revolução porque negros não andavam nos transportes. Então, quebraram essa lei. Então, na medida que as pessoas são edificadas pelo trabalho temos um progresso muito grande. 
Podemos estar próximos e podemos estar distantes. Não depende da cor, não. A gente tem diversos cardeais negros de países africanos. É possível que um dos cardeais negros seja eleito papa, mas não há nenhuma indicação nesse sentido.
Estou programado. O que ei de fazer? Quem me programou, programou 113 válidos. Depois pode caducar.
O que eu quero é continuar a lutar numa igreja cada vez mais laical e menos clerical. Porque a igreja é povo de Deus. Então, essa discussão é um negócio terrível. Na igreja todos são filhos de Deus, todos são tratados como gente, cada um deve seguir sua vocação e cada um tem de ter sua vocação como ela seja. Então, lutar por todo o tipo de discriminação dentro da igreja. Aliás, todas as discriminações religiosas. Por exemplo, eu luto pela discriminação que há contra a mulher. O evangelho de Jesus Cristo dá tantos sinais assim de que não faz distinção e a igreja faz. Aquilo que a mulher está fazendo muito na igreja só pode fazer quase que por falta do homem e não porque é quase um direito dela como cristã. Então, até eu chegar aos 113 anos quero continuar na luta para que a igreja seja cada vez mais laical - que em grego significa povo - e menos clerical - quase um grupo que manda e toma todas as decisões. Você vê as críticas de dom Hélder Câmara em nossos encontros em Roma. Ele dizia que na congregação dos religiosos, há muito mais religiosas que religiosos, no entanto para tomar qualquer decisão só homem tomam decisões. Esse tipo de coisa. A gente luta para que a igreja seja povo de Deus.
Amanhã estarei na Paraíba (estava em Minas no dia da entrevista) par aparticipar da missa de um padre que completa 60 anos de padre. De lá, vou para Areias, no brejo da Paraíba, onde vou abrir a novena da padroeira. Depois eu volto. Até os 113 será assim.
Quando temos oportunidade, sim. Todo ano, temos um encontro entre diáconos negros e nesse encontro a gente reza e reflete assim.
O que a gente vê, acima de tudo, é a alegria dos negros. Como esse pessoal, vivendo com tão poucos recursos consegue viver numa alegria tão grande. Depois, numa possibilidade de os pais tratarem tão bem os filhos. Entre os negros e índios, a criança tem um valor muito grande. Então, quando vai um quilombo a gente admira esses costumes que são próprios da cultura africana e que seria tão bom se a gente pudesse desenvolver em outras culturas.

Claro. Se o negro tem oportunidades, ele se desenvolve. Por exemplo, esses negros que são bons de bola, como se desenvolvem, compram prédios e têm uma vida de cidadão desenvolvidos. O que falta mesmo para eles são oportunidades. Não há. Você vê que criaram as cotas na universidades. Por enquanto, é um mal necessário. O ideal é que o negro tivesse desde o início condições de desenvolver suas capacidades, então ele iria competir de igual para igual que se candidatasse a uma universidade. Como o negro não esteve no começo, na escola elementar, essas oportunidades, é justo que se abra um espaço reservado para ele. Em tese, seria contra as cotas. O bom seria que a criança negra tivesse as mesmas oportunidades. Como ela não tem, não pode ter o mesmo desenvolvimento intelectual.

Só para encerrar, gostaria de saber sua opinião a respeito da eleição de Barack Obama, nos Estados Unidos. Ela repercute no Brasil e na luta nos negros aqui?Não só no Brasil. No mundo inteiro, mas vai depender de como ele vai se conduzir. Os primeiros passos, estão sendo muito bons. A minha maior surpresa é que num país tão racista como os EUA um negro possa ter chegado a essa posição de presente. A gente pensava que tinha toda a propaganda, mas na hora mesmo o que iria prevalecer era outra coisa. Não foi. A eleição dele foi um espetáculo. E acho que vai mudar muita coisa, se ele não for assassinado. A gente deseja muito que esse fato tão surpreendente possa ter êxodo e que abra condições para a superação de toda a discriminação.

Dom Zumbi, se o Sr. fosse presidente da República, o que faria para melhorar a vida dos negros e especialmente dos quilombolas?Aquilo que esperávamos que Lula fizesse e que ele fez em grande parte. A situação do povo no Brasil melhorou, mas esperávamos um pouco mais. Logo que o Lula foi eleito, nos primeiros meses de governo, esteve aqui o Frei Beto e eu fui falar com ele e disse que estava um tanto decepcionado pelo governo porque eu esperava que fosse um pouco diferente. Ao invés de distribuir bolsa, ajudasse quem tem projeto de trabalho. Ajudaria com terra para alguns, recursos para alguns começarem (não de graça, com um empréstimo a fundo perdido, sem juros) para que eles começarem a se organizando. Estão distribuindo bolsa família que é bom, mas não desperta a pessoa para trabalhar. Se eu recebo uma bolsa de tanto que me permite para fazer as despesas do mês, não vou me esforçar. Então, eu disse um dia para Frei Beto que eles deveriam seguir a teoria de Tancredo Neves. Quando ele foi eleito, perguntaram a ele: e a dívida, ele respondeu. Não se paga a dívida com a fome do povo. Honre as dívidas, mas primeiro vamos cuidar a fome do povo. Então, o único ponto negativo do governo Lula é que o governo não deu condições, força e poder para que o povo se organizasse.

FONTE: Diario de Pernambuco

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agradeço-te por permanecer sempre comigo.

Dá-me o equilíbrio entre a razão e a emoção, humildade e sabedoria para me aperfeiçoar.

Inspira-me, ó Mestre, a criação do novo e do belo. Protege também, todos os artesãos e os artistas em suas carreiras e gêneros.

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