O rio Jequitinhonha, conhecido no período colonial como rio das Virgens, tem 1.090km de extensão. Ele nasce a uma altitude aproximada de 1.200 metros (ilustração), próximo à localidade de Milho Verde, pequeno distrito do município mineiro do Serro, próximo ao de Diamantina, nas vertentes da serra do Espinhaço, atravessa a região nordeste mineira e deságua no oceano Atlântico em Belmonte, no estado da Bahia.
Sua bacia hidrográfica abrange 70.315km2, dos quais 66.319km2 situam-se em Minas Gerais (correspondendo a 11,3% de toda a área do território mineiro), e 3.996km2 na Bahia (equivalentes a 0,8% do seu território), limitando-se ao norte com a do rio Pardo; ao sul com a do rio Doce; a sudeste com várias pequenas bacias independentes; a oeste com o maciço do Espinhaço; e a leste com o oceano Atlântico. Seus principais afluentes são os rios Itacambiruçu, Salinas, São Pedro, Araçuaí, Piauí e São Miguel.
Bacia hidrográfica, ou bacia de drenagem de um rio, é o conjunto de terras que fazem a drenagem da água da chuva para ele e seus afluentes. A do Jequitinhonha, ou vale do Jequitinhonha - uma das doze do estado de Minas Gerais – é formada por 63 municípios, 41 deles totalmente incluídos na bacia e 22 parcialmente (na ilustração abaixo, o rio em sua passagem pela cidade que tem o mesmo nome). As avaliações sócio-econômicas feitas sobre essa região revelam “que seu índice de pobreza é elevado, ocasionando êxodo rural para os grandes centros urbanos e um esvaziamento demográfico persistente. Essas análises concluem que com mais de dois terços da população vivendo na zona rural, ela tem sido caracterizada em vários estudos como "região deprimida", onde os altos índices de pobreza, miséria, desnutrição, mortalidade, analfabetismo, e desemprego, associados a uma deficiente infra-estrutura sócio-econômica imperam desfavoravelmente em grande parte dos municípios. Mas apesar de conhecida por seus baixos indicadores sociais e pela característica de sertão nordestino que apresenta em sua região norte, ela possui, por outro lado, exuberante beleza natural, além de uma riqueza cultural herdada de índios e negros”.
A corrida do ouro no século 17, desencadeada por desbravadores baianos e paulistas, foi a principal causa da ocupação na bacia do rio, devendo-se a esses homens a criação de vilarejos depois transformados em cidades, como o do Serro e Diamantina. Já no lado baiano, a foz do Jequitinhonha foi povoada por colonos portugueses, enquanto o ingresso para o interior se deu através da extração do pau-brasil e dos incentivos à exploração cacaueira. Descrevendo esse período, a revista Escola de Minas publicou em seu volume 57, Outubro/Dezembro de 2004, que “Diamantes foram descobertos no Brasil nas proximidades de Diamantina, centro-norte de Minas Gerais, ao início do século XVIII. Nesse contexto, a bacia hidrográfica do rio Jequitinhonha se destaca por sua importância, não só histórica, como também comercial, uma vez que a maior parte dos diamantes daquele distrito foram produzidos sobre tal bacia, nas suas porções superior e média. No médio curso do rio Jequitinhonha, os aluviões são mais largos, permitindo a operação de grandes dragas (...), ao contrário do que ocorre no seu alto curso. Na porção superior do rio os vales são apertados, formando canyons entalhados sobre as rochas quartzíticas da serra do Espinhaço. Nessa área, como a largura dos aluviões raramente excede os 20 m, somente atividades garimpeiras são viáveis. A partir da localidade de Mendanha o rio ganha o seu médio curso desenvolvendo aluviões mais largos, muitas vezes alcançando 1.000 m de largura”.
Nesse trecho as empresas mineradoras que ali operam utilizam dragas de sucção cujo trabalho foi descrito pelo jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte, em 22/11/95, da seguinte forma:
“O trabalho que mil bombas de sucção fazem em uma hora é realizado em 30 segundos pelas (...) duas dragas de alcatruz da Mineração Rio Novo, do grupo Andrade Gutierrez, que valem cerca de U$$ 13 milhões/cada. Elas exploram um trecho de 15 quilômetros do Rio Jequitinhonha. Um "monstrengo" da altura de um prédio de seis andares a draga consegue separar o cascalho inútil da ‘piçarra’ em fração de segundos. (...). Para explorar o aluvião atual e o antigo (o leito de um rio muda de local), a draga ‘gigante’ conta com a ajuda de uma draga auxiliar, de pequeno porte, que vai derrubando toda a margem do Jequitinhonha. O processo é este: um trator derruba a vegetação ciliar e retira a terra superior. A draga pequena chega e arranca a margem, aumentando em quase 100% o leito do rio. Depois o trabalho é da grande draga, que separa o cascalho deixando montanhas de pedra pelo leito do rio”.
A conseqüência dessa atividade foi revelada pelo Jornal do Vale em edição de 11/95, em texto que dizia em seu final:
“O rio Jequitinhonha é alvo de uma exploração desenfreada, tanto pela prática do garimpo com suas dragas monstruosas, como no alargamento de suas margens, poluição das águas e inúmeras outras agressões. O tempo passou, o tempo voou, e o rio vai agonizando e morrendo aos poucos, sem nenhuma ajuda real. Quem conheceu o forte rio Jequitinhonha sabe que hoje o jequi (cheio de peixes) já não existe, e o tinhonha (rio largo) aumenta cada vez mais as grandes praias de areias brancas, com um pequeno fio d’água no meio”. Como diz o poeta e escritor Tadeu Martins, ‘Acorda Jequitinhonha’, a hora está passando e o nosso rio está morrendo”.
Para aproveitamento das águas do rio Jequitinhonha foram construídas duas barragens. Uma, a Usina de Irapé (Hidrelétrica Presidente Juscelino Kubitscheck), entre os municípios de Berilo e Grão Mogol, com potência nominal instalada de 360 MW, tem a barragem mais alta do Brasil (208 metros) e uma das mais altas do mundo. Já a Usina Hidrelétrica localizada no estado da Bahia, divisa com Minas Gerais, no município baiano de Itapebi, possui potência instalada para a geração de 450 MW de energia
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A PAZ NÃO SE IMPROVISA, ELA SE CONSTROI ATRAVÉS DE VALORES UNIVERSAIS.WWW.ARASSUARTES.COM.BR