Enquanto eu esperava
pensava em prometer-te
um anel de cobre
uma chama acesa
uma zona nobre
uma claraboia
Sentada na pedra
na porta da rua
no degrau de baixo
eu vivia lua
e por ter esmero
andava a galope ...pela noite adentro bêbada de chuva!
Eu pensava e era
um fio da esteira
uma curuminha
uma lua rasa
quando mais escura
quanto mais a beira, quanto mais a vista, quando mais alada
Enquanto eu esperava
pensava em prometer-te
uma joia linda
um laço de fita
uma flor formosa
uma paz infinda
te entregava a tarde
e a manhãzinha
rajadas de vento e a calmaria
primavera inteira sem melancolia
quando eu era leve, não pensava tanto
quando eu fui perdendo o que eu não sabia
me tornei ao norte
despedi meu sul
recriei distante
o que sou e fui
hoje olho o verde
que ainda floresce
me prometo a noite
renascer no dia
quando eu fui inteira
sem pensar o nada
eu andava livre
não te esperava.
Eu não te perdia, nem te procurava!
Eu era a chuva e a claraboia,
da porta da rua o degrau de casa.
(Janete Flores)
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