
Começou a talhar a madeira por necessidade, fazendo uma cama! Foi marceneira em
Teófilo Otoni, morando na Vila Magnólia, um dos muitos lugares por
onde se instalou. Alugou ai três cômodos de um casarão. Esta primeira
cama foi vendida para um soldado de Diamantina. Um vizinho, que era de
Araçuaí, a convenceu a ir para lá. Pensou que iria ficar rica fazendo
camas e cadeiras, mas isso não aconteceu. Como ela era “uma doida braba
do Nordeste”, em suas próprias palavras e de um dentista que conhecia,
decidiu mudar-se para o vale. Desde tempos em que mochila era chamada de
“cacaio”, ela fez de tudo nos quarenta e nove anos que mora em Araçuaí:
mascateou, comprou e vendeu móveis antigos em nome de pessoas que não
queriam se identificar, e terminou fazendo artesanato. Ela disse-me: “o
artesanato me ajudou demais!”. Seu talento em trabalhar com a madeira a
fez uma artista popular conhecida, apesar de sua pobre morada atual, que
comprou com o dinheiro ganho do artesanato.
Contou-me que havia visto gente do bando de Lampião, como Azulão, Zé Baiano e Zé
Sereno, entre outros. Diz ser uma
“contadora de histórias” antes de ser artista, e que aprendeu o ofício
de rezadeira aos dez anos de idade. Falou que Dom Serafim (Serafim
Fernandes de Araújo), cardeal de Belo Horizonte, foi quem ajudou as
feiras de artesanato a progredirem; que viu o Zepelim aos doze anos de
idade e que o povo se apavorou com o objeto voador. Também mencionou a
importância do Projeto Rondon (1967-1989) para a valorização do
artesanato e dos artesãos do vale. Porém, pelo grande número de jovens
escultores populares de madeira em Araçuaí, pode-se notar que Dona Zefa
teve influência importante no oficio de difundir esta forma de arte
neste município.
Fonte: Ventos do Vale
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