Ulisses
Pereira Chaves é o ceramista homem mais conhecido do Vale do Jequitinhonha, MG,
uma região onde a arte da cerâmica, em sua grande maioria, surge a partir de mãos
femininas, como as de Izabel Mendes da Cunha, Zezinha, Irene Gomes e Noemisa. Ele
nasceu em 1924 na localidade de Córrego Santo Antonio, município de Caraí.
Ulisses foi um dos primeiros homens a se dedicar à arte da cerâmica no Vale do
Jequitinhonha. Ele herdou essa tradição da mãe, Domingas Pereira do Santos, que
era filha, neta e bisneta de paneleiras (no Vale do Jequitinhonha as paneleiras
são mulheres que se dedicam à cerâmica utilitária). Em seu trabalho Ulisses
manteve as mesmas técnicas de modelagem e pintura aprendidas com a mãe. Ele
produziu ao longo de sua vida uma obra baseada na cerâmica escultórica
antropozoomorfa de grande dimensão. Ulisses faleceu em 2006 aos 84 anos.
Ulisses Pereira Chaves. Foto autoria desconhecida.
A
obra de Ulisses foi descrita como expressionista, surrealista, mística, onírica,
sobrenatural; dentre outras. Independente da classificação ela é única,
original e colocou o nome de Ulisses entre os mais importantes escultores brasileiros
do século XX. Suas peças eram confeccionadas com um barro rosa puro e os
engobes nas cores vermelho e branco eram usados nos detalhes e grafismos da
escultura. Ulisses era analfabeto e assinava suas peças grafando apenas UP. Na
maioria delas misturava formas de gente com bichos: Figuras com várias cabeças,
estranhos rostos e coisas do gênero, minotauros, lobisomens, pássaros com pés
humanos, algumas chegando a medir 1 metro de altura. Os olhos, nas figuras de
Ulisses, em forma de grãos de café são únicos entre as peças produzidas no Vale
do Jequitinhonha. Segundo a professora e ceramista Lalada Dalglish, estes
olhos, que já eram usados na cerâmica mesoamericana pré-colombiana, lembram
também esculturas africanas, que é a origem direta da obra de Ulisses.
Ulisses Pereira Chaves, título desconhecido, cerâmica. Acervo do Pavilhão das Culturas Brasileiras, São Paulo, SP
Ulisses Pereira Chaves, título desconhecido, cerâmica. Reprodução fotográfica Galeria Estação, São Paulo, SP
Os
trabalhos de Ulisses integraram várias exposições no Brasil e no exterior, dentre
elas a exposição “Brésil, Arts Populaires” (Grand Palais, Paris, 1987) e a Exposição
Comemorativa aos 500 anos do Descobrimento do Brasil (São Paulo, 2000). Eles ainda
podem ser encontrados em importantes museus e coleções particulares. No Rio de
Janeiro, RJ no Museu Casa do Pontal e no Museu do Folclore Edison Carneiro. Em
João Pessaa,PB no Centro Cultural de São Francisco.
Ulisses Pereira Chaves, moringa de três cabeças, cerâmica. Acervo do Museu Casa do Pontal, Rio de Janeiro, RJ
Depois
da morte do artista em 2006,
a tradição da cerâmica continua nas mãos femininas de
sua esposa Maria José, sua irmã Ana e a filha Margarida. Elas produzem peças
que se assemelham às de Ulisses, mas com características próprias de cada uma.
Referências
Bibliográficas:
-
Dalglish, Lalada. Noivas da Seca: Cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha, 2a
Ed. - São Paulo: Editora UNESP, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2008.
-
Frota, LC. Pequeno Dicionário da Arte do Povo Brasileiro – Século XX. Aeroplano
Editora, Rio de Janeiro, 2005.
Ulisses Pereira Chaves, título desconhecido, cerâmica. Reprodução fotográfica Galeria Estação, São Paulo, SP
Ulisses Pereira Chaves, título desconhecido, cerâmica. Reprodução fotográfica Galeria Estação, São Paulo, SP
Ulisses Pereira Chaves, título desconhecido, cerâmica. Reprodução fotográfica Galeria Estação, São Paulo, SP
Ulisses Pereira Chaves, título desconhecido, cerâmica. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
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